Quando Renan Calheiros (MDB/AL) apresentou requerimento propondo a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para o Senado apurar responsabilidades pelo desastre ambiental causado pela Braskem em Maceió houve resistências até do próprio governo Lula (PT), do qual ele faz parte – Renan Calheiros Filho, também senador, é Ministro dos Transportes.
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Enquanto Renan tinha dificuldades para conseguir o mínimo de assinaturas necessárias à instalação da CPI, muitos mantinham a incredulidade quanto aos resultados da apuração – “CPI nunca dá em nada”, dizia-se.
A imprensa nacional praticamente não dava espaços para registrar os danos materiais e psicológicos da população afetada, constituída de habitantes de cinco bairros da cidade: Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol.
Até que surgiu, em novembro do ano passado, o problema com a mina 18, no Mutange – que terminou colapsando – e a situação mudou.
Os grandes veículos de comunicação começaram a dar destaque para o problema, autoridades do governo federal se solidarizaram e o Senado rapidamente instaurou a CPI, que começa a dar resultados, ao ponto de um diretor da própria empresa admitir, em depoimento à comissão, a culpa da Braskem pelo desastre ambiental.
Para quem desacreditava dos efeitos da CPI da Braskem agora começa a admitir que talvez nem tudo “acabe em pizza”, como muitos supunham.
Em termos práticos, os efeitos se fazem sentir: a questão ganhou espaço até no cenário internacional, a visita de membros da CPI a Maceió na próxima semana para tomar depoimentos e conhecer o problema in loco e o pedido da Defensoria Pública de Alagoas para sequestro e a indisponibilidade da área afetada pela mineração, dentre outros.
Quem não se deu bem foi o senador Renan Calheiros, que era membro da CPI, pediu para sair quando não conseguiu ser indicado relator e deixou de ser protagonista da apuração, pelo Legislativo, de um dos maiores crimes ambientais de que se tem notícia no Brasil.
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