Carnaval de SP terá 20% mais foliões de fora do estado vindos de avião

Publicado em 22/02/2020, às 23h00
Renato S. Cerqueira/Folhapress
Renato S. Cerqueira/Folhapress

Por Amanda Lemos/Folhapress

Conhecida por exportar foliões para outros Carnavais, a cidade de São Paulo está chamando a atenção de foliões de locais tradicionais.

Dados de agência de viagens mostram que o aumento de passageiros de avião de outros estados com destino à capital paulista foi de mais de 20% em relação a 2019.

Já a previsão do Aeroporto Internacional de Guarulhos para o movimento do feriado é um crescimento de 18% sobre o ano passado.

Segundo a agência CVC, as principais cidades de origens desses turistas são do Nordeste, como Salvador e Recife, Porto Alegre e Paraná.

"Hoje não fazemos mais pacotes fechados de Carnaval, quem monta o planejamento são os próprios clientes. Antes costumávamos incluir pontos turísticos e atividades, mas fomos atendendo a demanda", diz Viviane Piovarcsik, gerente de vendas da agência de turismo.

Já a empresa de passagens aéreas MaxMilhas mostra que, dos dez destinos mais buscados, a capital paulista está em 4º lugar, à frente de Fortaleza (5º) e Porto Seguro.

Para o Carnaval deste ano, a Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo estima que a ocupação de hotéis na capital esteja com média de 65%, com maior procura de locais mais econômicos, como os hostels.

Na média, a ocupação em fevereiro nos últimos dois anos, incluindo os dias úteis, que têm demanda maior, foi de 59,9% (2018) e 67,6% (2019).

Uma aposta de quem passa o feriado na cidade são os aluguéis via Airbnb. De acordo com levantamento da empresa, os bairros mais procurados para hospedagem são aqueles mais próximos aos principais circuitos de blocos, como Bela Vista, Consolação, República, Jardim Paulista e Pinheiros.

"Um cara vem de Recife para São Paulo para quê? Ele já viu tudo o que tem lá, sabe qual é a experiência. O Carnaval de São Paulo é plural. Além de curtir os blocos, o turista vai aproveitar o comércio do Brás, vai à 25 de Março [rua de comércio popular da cidade] e a outros pontos turísticos", afirma Vinicius Lummertz, secretário do Turismo do estado de São Paulo.

Os dados de 2019 da Prefeitura de São Paulo mostram que, entre os paulistanos, 46% disseram que ficaram na cidade motivados pelos blocos, um aumento de 4,5% com relação ao índice levantado em 2018. A expectativa é que o valor cresça em 2020.

Para o secretário, a opção do paulistano por ficar na cidade é uma questão de custo-benefício. "A renda das pessoas é limitada, e elas têm que fazer escolhas. É uma opção racional de consumo", diz.

Mariana Aldrigui, presidente do conselho de turismo da FecomercioSP, tem a avaliação de que esses paulistanos que ficaram em casa têm um objetivo maior: guardar dinheiro para outro destino.

"As pessoas viram que tem coisa interessante aqui e projetam o gasto para outra viagem", afirma.

Segundo Aldrigui, o perfil dos foliões de São Paulo é de jovens entre 20 e 30 anos. É um público que acaba optando por serviços mais baratos, como transporte público, aluguéis de quarto, e bebidas mais fortes para diminuir gastos. "É um público jovem que consome bebida alcoólica que atinja o efeito mais rápido", afirma.

Dados da entidade mostram que São Paulo movimentou cerca de R$ 720 milhões em 2019. A estimativa da fundação é que a cidade registre R$ 906 milhões em 2020 no comércio e nos serviços, como bares, hospedagem, farmácias, fantasias e ambulantes.

No feriado, de acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio, Turismo e Serviços), os empregos temporários deverão crescer 2,8% em todo o Brasil durante o Carnaval, enquanto em São Paulo o crescimento será mais que o dobro: 7,2%. Além disso, devem ser injetados R$ 3,4 bilhões na economia de São Paulo, sendo que R$ 2,6 bilhões será somente na capital paulista, de acordo com a Secretaria do Turismo do estado.

"Faz aproximadamente dez anos que o paulistano busca se reconectar com a cidade pelo Carnaval", afirma Alê Youssef, secretário de Cultura da capital paulista.

Para ele, essa é a principal justificativa para o crescimento da festa momesca da cidade.

"Outro ponto fundamental é que nosso modelo de Carnaval não tem abadá: ele é uma festa pública que acontece para todos", diz.

Já para Mariana Aldrigui, o engajamento em redes sociais nos últimos cinco anos, com celebridades, marcas e mídias tradicionais ajudou a atrair a atenção para o evento paulistano.

"A questão aqui é principalmente o engajamento individual. É claro que ações do governo contam, mas foi um movimento orgânico", diz.

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