Cadê as mulheres? Fifa convoca árbitras, mas não as coloca em campo

Publicado em 29/11/2022, às 08h43
Li Gang/Xinhua
Li Gang/Xinhua

Por UOL

A edição de 2022 da Copa do Mundo é a primeira que conta com mulheres entre os árbitros e auxiliares convocados pela Fifa. São seis no total: três árbitras e três auxiliares. Mas a estreia de uma delas em uma partida de um Mundial masculino por enquanto é só uma promessa. Com metade dos jogos realizados, todas estão longe dos holofotes. No máximo, atuam como quarto árbitro, como aconteceu com a francesa Stéphanie Frappart . Enquanto isso, 28 trios formados por homens já foram escalados. Alguns, mais de uma vez.

Nem todos os árbitros e auxiliares convocados para uma Copa do Mundo chegam a ser escalados pela Fifa para o trio de arbitragem de uma partida. Mas o usual é que só fiquem fora da escala os países de menor tradição. Na Copa de 2018, por exemplo, um trio chileno, um japonês, e profissionais de nações como Tonga, Polinésia Francesa, Panamá e Etiópia não trabalharam dentro de campo em nenhuma partida.

Na Copa do Qatar, um país onde vigora um sistema de tutelagem que exige a permissão de um homem para uma mulher estudar, viajar ou trabalhar, seis dos profissionais que continuam fora da escala de campo são mulheres. Entre os países mais tradicionais no futebol, são só dois casos de árbitros/auxiliares que não foram escalados para trabalhar no campo. Ambas são mulheres.

Uma delas é a auxiliar Neuza Back, uma das sete representantes do Brasil na Copa. O trio de Wilton Sampaio/Bruno Boschilia/Bruno Pires já fez duas partidas. Raphael Claus, com Rodrigo Figueiredo e Danilo Simon Manis, trabalhou em um jogo. Mas Neuza segue sem ser escalada para atuar no campo, apenas como auxiliar no VAR.

A outra é a francesa Stéphanie Frappart, primeira mulher a apitar um jogo masculino de Liga dos Campeões em 2020. Precursora na Europa, também foi a primeira em um jogo de Eliminatórias da Copa na Europa, em 2021. Entre todos os europeus, só ela e um trio da Romênia não foram escalados. Stéphanie foi a primeira mulher a trabalhar na Copa, mas como quarta árbitra, em México x Polônia.

Da Concacaf, seguem fora o trio formado por dois hondurenhos e um dominicano, e as duas mulheres convocadas: a mexicana Karen Diaz Medina e a norte-americana Kathryn Nesbitt, ambas auxiliares. Nesbitt foi eleita a melhor bandeirinha da MLS de 2020, entre homens e mulheres. Na Copa, não foi levada a campo.

Completam a lista a japonesa Yoshimi Yamashita, primeira mulher a apitar um jogo da Liga dos Campeões da Ásia, e Salima Mukansanga, de Ruanda, precursora na Copa das Nações da África. Ambas são árbitras de campo e estão tendo o mesmo destino do trio da Oceania, o do Peru e o da China: fora da escala.

Nenhuma mulher foi escalada para os jogos das duas primeiras rodadas da fase de grupos, nem para os jogos de hoje (29) e amanhã (30). Assim, sobram duas datas para a estreia, oito jogos dos grupos de E a H. Depois, o padrão é a Fifa escalar no mata-mata os profissionais que mais se destacaram até ali.

Assim, se a estreia de uma mulher não ocorrer entre quarta (30) e quinta (1), terá que ficar para a próxima Copa do Mundo, em 2026. E a Fifa terá que explicar por que priorizou mulheres na lista de quem não foi a campo.

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