O corredor brasileiro Altobeli Silva ficou fora da sua principal prova no Mundial de Atletismo por não ter tomado, até o mês passado, a segunda dose da vacina contra a covid. Finalista olímpico dos 3.000m com obstáculos na Rio-2016, ele obteve vaga no Mundial do Oregon, em Eugene, por ter sido campeão sul-americano mas não conseguiu entrar nos Estados Unidos a tempo, chegando à América do Norte apenas nesta terça-feira (19).
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Ter tomado as duas doses da vacina contra a covid há pelo menos 15 dias é uma exigência para a entrada nos Estados Unidos. Apesar de essa obrigatoriedade ter sido tema de diversas reportagens ao longo dos últimos meses - Novak Djokovic, por exemplo, desistiu de disputar torneios nos EUA por isso - Altobeli alegou que não sabia que eram necessárias duas doses. Disse que pensava que uma era suficiente.
Altobeli participou dos Jogos Olímpicos de Tóquio e, portanto, teve a possibilidade de se vacinar antes da maioria das pessoas da idade dele, com doses doadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). O Comitê Olímpico do Brasil (COB), porém, nunca informou quais atletas tomaram a vacina e quais recusaram a oferta. Na época, a vacina não era obrigatória para a entrada no Japão, mas fortemente recomendada.
Convocado oficialmente no dia 1º de julho, Altobeli só tomou a segunda dose depois disso. Por causa dos prazos exigidos pelos EUA, ele não conseguiu entrar no país a tempo de correr as eliminatórias dos 3.000m com obstáculos, no sábado. O corredor, porém, deverá participar normalmente dos 5.000m, prova em que também venceu o Sul-Americano.
Altobeli protagonizou dois momentos que geraram bastante repercussão em Tóquio. Primeiro, ao fazer publicação reclamando de colegas de seleção que estavam reunidos ouvindo funk no alojamento da equipe no camping de preparação para a Olimpíada. Depois, ao lamentar ter sido eliminado dos Jogos mesmo tendo treinado muito.
Além de Altobeli, a delegação tem mais um desfalque. Fernando Ferreira não conseguiu tirar, de última hora, o visto para entrar nos Estados Unidos. O saltador alegava perante a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) que ele não precisava do documento porque poderia entrar nos EUA apenas utilizando seu passaporte militar, já que ele é membro do Programa de Alto Rendimento (PAAR) das Forças Armadas.
Quando foi convencido de que havia feito uma confusão de informações e que o passaporte militar não era suficiente para entrar nos EUA, tentou tirar o visto, mas aí já era tarde. E a prova de salto em altura praticamente abriu o Mundial, no sábado. Como passaporte é um documento pessoal, a confederação não tem ingerência no pedido de visto, com cada atleta se responsabilizando inclusive pelos custos burocráticos.
A CBAt confirmou que a ausência de Altobeli se deu pela falta da segunda dose da vacina a tempo e que Fernando não viajou por falta de visto. A reportagem enviou mensagens aos dois atletas, mas não obteve retorno.
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