Contextualizando

“Brasil: Tem pareia não!” – cientista político alagoano explica que maiores gastos da campanha eleitoral vêm de dinheiro público

Em 11 de Outubro de 2024 às 12:00

O professor aposentado da UFAL e cientista político Eduardo Magalhães faz uma análise, a pedido da editoria de “Contextualizando”, sobre o atual momento político do Brasil.

Além da sua experiência, que inclui dois PHDs em Ciência Politica nos Estados Unidos, onde morou durante 16 anos, Magalhães tem uma histórica ligação com o PSDB, partido com o qual tem uma ligação de 30 anos de assessoramento.

É dele o texto a seguir:

“Escrever sobre Politica sempre foi uma tarefa quase irresistível. Abro minhas considerações com numa  aparente volta ao passado porque, talvez por ser parte de  um plano misterioso, a Politica sempre foi importante em  minha vida. A Politica é importante na vida de todas as  pessoas.

Duas coisas sempre exerceram um fascínio  irresistível sobre mim: a Politica e o brasileiro. A Política,  por opção profissional, uma vez que optei por estudar  Ciências Políticas, na Universidade, e o brasileiro, o  homem brasileiro (a mulher também, Professora Cida), o  ser humano que nasce no Brasil, pelas qualidades únicas e  extraordinárias que apresenta quando comparado com  nacionais de outros países.  

Tendo vivido fora do Brasil por muito tempo e por  ter sempre trabalhado com pessoas, principalmente como  Educador, tive oportunidade de me relacionar de forma  muito próxima com centenas, milhares de jovens, homens  e mulheres, com quem aprendi a apreciar e entender o  fascínio das características de cada indivíduo,  características que vão se mesclando umas às outras e  terminam por se tornar manifestações culturais. 

Faço esse trajeto longo até o tema principal desse trabalho, com mais cuidado e mais atenção, porque  sei como o espírito dos brasileiros se encontra nesse  momento delicado de nossa História e como as pessoas se  tornaram sensíveis demais e tendentes a reações  inesperadas que vão das mais curiosas às mais violentas, num piscar de olhos.  

Nesse período de eleição o Brasil se torna ainda  mais ‘unique’ ao nos permitir ver mais de perto e com mais  profundidade o que é realmente a política brasileira. 

Há um aspecto, paradoxalmente, chocante na  carreira política no Brasil. É obvio que quem investe muito em alguma área, pode obter lucro e ganhar muito dinheiro. Mas na carreira política se investe pouco para se lucrar  muito. No Brasil, os maiores gastos da campanha  eleitoral, por exemplo, são pagos com dinheiro público

Ou seja, o politico pode ocupar um cargo eletivo que paga muito bem, como o de deputado estadual ou federal, por exemplo, e ter todo o investimento feito e quase todas as  despesas da campanha pagas pelo poder público.

Além  dos bons salários, os cargos políticos oferecem ainda vantagens e benefícios adicionais na forma de mordomias  e penduricalhos os mais diversos, tais como carros bons com motorista e combustível grátis, excelentes planos de  saúde, férias remuneradas e ótimas condições de trabalho.

Há outros aspectos da política brasileira que contribuem radicalmente para a quantidade imensa de idiossincrasias que habitam nosso território eleitoral.  Algumas pessoas ficam chocadas que o Brasil tenha mais de trinta partidos políticos ativos. Não há a menor razão  para surpresas. Porque o Brasil é uma sociedade onde as  pessoas agem e se julgam completamente diferentes umas  das outras, não deveria causar qualquer surpresa que  tivéssemos tantos partidos.

Em realidade, dado o nível de desigualdade que existe entre os brasileiros não é de  admirar que tenhamos tantos partidos. Para entender bem  porque somos tão peculiares e tão diferentes basta  considerar a expressão ‘Você sabe com quem está  falando?’ que tanto caracteriza e dramatiza o fato de  sermos uma sociedade tão especial. E de pessoas tão  diferentes e tão desiguais.

Ninguém no mundo, seja no  mundo empresarial, seja nas Artes, nos Esportes, seja na  Ciência, seja onde for, ninguém se compara ao brasileiro no que se refere à sua genialidade criativa. (Obviamente,  na política também.)  “

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