O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) lançou oficialmente nesta quarta-feira (2) uma plataforma que reúne dados de mais de 5 mil espécies da fauna brasileira avaliadas em relação ao risco de extinção.
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Chamado de Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (Salve), a iniciativa começou a ser desenvolvida em 2016.
Segundo os dados divulgado pelo instituto, a fauna brasileira tem 364 espécies classificadas como Criticamente em Perigo (CR), a categoria de maior risco atribuído pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).
Entre elas, encontram-se animais emblemáticos da nossa fauna, como o pica-pau-amarelo, o muriqui-do-norte, o aruá-do-mato, o sapo-folha, a tartaruga-de-couro, a jararaca-ilhoa e a ararinha-azul.
Veja abaixo outras espécies que aparecem na lista, que pode ser acessada na íntegra por meio desse link:
Peixes
Aves:
Répteis e invertebrados terrestres:
Em maio, o g1 contou um pouco da história do muriqui, que também integra a lista e é o maior macaco das Américas, nativo da Mata Atlântica e símbolo de tranquilidade e harmonia por viver sempre em grupo e geralmente abraçando seus parceiros e filhotes.
O Salve foi desenvolvido por uma equipe coordenada pelo ICMBio, mas também teve o apoio do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção e a participação de especialistas da comunidade científica.
Até o momento, foram publicadas e disponibilizadas fichas de 5.513 espécies, mas a expectativa é que, até o final deste ano, a lista de espécies ameaçadas da fauna brasileira seja atualizada, e mais informações estejam acessíveis para a sociedade, já que mais de 14 mil espécies foram avaliadas pelo projeto.
Objetivo: Facilitar a gestão do processo de avaliação do risco de extinção e tornar as informações mais acessíveis, contribuindo para a geração de conhecimento e a implementação de políticas públicas voltadas à conservação da biodiversidade.
Como acessar a plataforma: O site pode ser consultado por meio desse link. A interface está disponível para especialistas, estudantes, jornalistas e todos que queiram pesquisar sobre as espécies ameaçadas.
Como é a consulta: Em um sistema de busca, basta inserir a espécie (tanto pelo nome comum quanto pelo nome científico) para obter dados como grupo, categoria, última atualização da avaliação, estados, bioma, classificação taxonômica (biológica), distribuição, história natural e população.
"Nosso objetivo não é simplesmente fornecer a informação. Nosso objetivo é que essa informação seja usada, seja instrumento de política pública, instrumento, inclusive, das empresas." — Mauro Pires, presidente do ICMBio
Esperança para as espécies ameaçadas
O coordenador da Coordenação de Avaliação do Risco de Extinção das Espécies da Fauna (COFAU) e analista ambiental do ICMBio, Rodrigo Jorge, destacou que a iniciativa irá contribuir efetivamente com a conservação das espécies ameaçadas.
"O Brasil é reconhecido mundialmente por abrigar a maior biodiversidade do planeta e, a partir da atualização e disponibilização desses dados, será possível reforçar a implementação de ações que promovam a conservação da nossa fauna", disse.
Jorge citou que atividades importantes da gestão ambiental serão beneficiadas diretamente com as informações do sistema, como as demandas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis Naturais (Ibama) e de outros órgãos ambientais.
"Agora, estará tudo disponível prontamente na plataforma. Isso deverá permitir qualificar ainda mais os processos de licenciamento, por exemplo", destacou.
Construção de empreendimentos
Outro ponto ressaltado pelo analista é que empreendedores poderão ter acesso a informações relevantes sobre os locais onde planejam construir, auxiliando na tomada de decisões e, consequentemente, na preservação do meio ambiente.
Análises realizadas a partir dos registros de ocorrência de espécies disponibilizados no Salve permitirão verificar áreas de concentração de espécies ameaçadas.
"Empreendedores poderão avaliar, por exemplo, se, numa determinada região, onde pretendem implantar um empreendimento, há maior risco à biodiversidade e, a partir dessa informação, ter um maior cuidado ou mesmo optar por um local alternativo, com menor sensibilidade. Esse tipo de análise vem sendo realizada pelo ICMBio por meio dos Planos de Redução de Impacto à Biodiversidade (PRIM)", complementou Rodrigo Jorge.
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