Boiadeiros queriam matar Dantas para retomar poder no Sertão, diz polícia

Publicado em 06/02/2019, às 11h04
Carro em que Neguinho Boiadeiro estava quando foi assassinado | Arquivo
Carro em que Neguinho Boiadeiro estava quando foi assassinado | Arquivo

Por Deborah Freire e Dayane Laet

A guerra pelo poder político entre as famílias Boiadeiro e Dantas, na cidade de Batalha, Sertão de Alagoas, incendiada em novembro de 2017, com o assassinato do vereador Neguinho Boiadeiro, seria a motivação para mais um crime na cidade, que foi frustrado pela polícia, segundo revelaram nesta quarta (06), os delegados Fábio Costa e Thiago Prado.

Em entrevista concedida à TV Pajuçara, os delegados da Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic) confirmaram que a equipe conseguiu descobrir a tempo, e com detalhes, uma trama onde a família Dantas seria vítima de um atentado, promovido pela família Boiadeiro. Os alvos eram o deputado estadual Paulo Dantas e a esposa dele, a prefeita de Batalha, Marina Dantas.

O objetivo do plano dos Boiadeiro, além de vingar a morte de Neguinho (Adelmo Rodrigues de Melo), crime que a família atribui aos Dantas, era retomar o poder no Sertão. “As investigações mostram que eles pagariam quase R$ 300 mil antes das eleições, justamente com o intuito de enfraquecer os Dantas. Os Boiadeiro teriam mais força na região”, esclareceu o delegado Thiago Prado.

O crime foi descoberto, de acordo com Fábio Costa, a partir de denúncias que chegaram à Deic. Uma das pessoas envolvidas foi identificada, interrogada e revelou toda a trama criminosa. "Através do pistoleiro contratado obtivemos os áudios. Ele passou que era o Baixinho e outros da família. Os envolvidos foram categóricos ao afirmar que 'sem sombra de duvidas' era o Baixinho", declarou.

Ainda segundo Costa, policiais não seriam poupados na execução desse crime. "Isso mostra a capacidade e a ousadia dessa organização criminosa que já assassinou policiais, políticos. Agora, a população de Batalha está tendo conhecimento de quem são esses Boiadeiros", declarou.

Guerra histórica

A família Dantas possui historicamente uma rixa com a família Boiadeiro. A morte de Zé Miguel, no ano de 1999, foi atribuída a Laércio Boiadeiro, irmão de Neguinho.

O ultimo embate aconteceu em 2017, quando o então vereador Neguinho Boiadeiro foi morto dentro do carro, ao sair da sessão na Câmara. Eles também balearam o segurança do vereador, o policial civil Joaquim Pirauá, 54 anos, que também estava no carro. 

Embora a investigação tenha ouvido testemunhas que asseguram que os áudio divulgados sejam, de fato, da família Boiadeiro, a Deic informou que por questões técnicas, irá submeter os arquivos à perícia, para que não restem dúvidas.

O advogado de Baixinho Boiadeiro, Raimundo Palmeira, foi procurado pelo TNH1 e informou que não está com o caso referente a esse plano e não poderia falar em nome do cliente.

A assessoria de Marina e Paulo Dantas informou ao TNH1 que eles não irão se pronunciar sobre o caso.

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