O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou nesta sexta-feira (2) a ampliação de recursos previstos para crédito no setor agropecuário.
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Um dos destaques é o aumento de R$ 4 bilhões no orçamento para a linha da instituição com taxa fixa em dólar e foco em exportadores. O banco também confirmou mais R$ 2 bilhões a um programa de apoio a cooperativas de crédito.
O anúncio ocorre em meio a uma pressão de representantes da agropecuária por medidas de apoio ao setor, que lida com os efeitos de problemas climáticos no Brasil.
Regiões produtoras sentem os reflexos de eventos extremos, como ondas de calor, seca e fortes chuvas. Agricultores também temem a redução de preços de culturas como a soja.
A liberação de mais recursos para a agropecuária foi anunciada em uma cerimônia na sede do BNDES, no Rio de Janeiro. Presente no evento, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que a safra deste ano será "difícil em termos de renda para o campo".
"Este cenário está sendo avaliado preventivamente para que a gente possa dar tranquilidade ao produtor", afirmou. "Ninguém vai ficar na incerteza e na inadimplência por falta de linha de crédito", prometeu.
Lançada em abril de 2023, a TFBD (Taxa Fixa do BNDES em Dólar) oferece opção de financiamento com custo atrelado à variação cambial. Isso, segundo o banco, é vantajoso para clientes com receitas em dólar.
No âmbito do programa BNDES Crédito Rural, o valor aprovado com uso da TFDB totalizou R$ 3,6 bilhões em 2023, de um orçamento inicial disponível de R$ 4 bilhões.
Agora, o BNDES decidiu ampliar a dotação em R$ 4 bilhões, levando o total disponibilizado em financiamentos a R$ 8 bilhões.
"Esse setor exportador tem recebível em dólar. Quando ele pega uma linha indexada ao dólar, ele não tem risco. A dívida está em dólar, e o que ele tem a receber está em dólar. Então, ele está protegido", declarou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Outra iniciativa anunciada nesta sexta envolve o programa BNDES Procapcred, que busca fortalecer cooperativas de crédito por meio do financiamento aos cooperados para aquisição de cotas-parte.
O banco confirmou aumento de R$ 2 bilhões no orçamento para a iniciativa, com prazo de vigência até 31 de dezembro de 2025.
"Esse valor de R$ 2 bilhões para nós é crédito, mas para o tomador é equity, ele entra como sócio da cooperativa. Ao entrar como sócio, ele capitaliza a cooperativa e permite uma alavancagem média de nove vezes o capital ingressante", afirmou Mercadante.
No âmbito do BNDES Procapcred, o banco também anunciou medidas como aumento do limite de financiamento de R$ 30 mil para R$ 100 mil por cliente, a cada dois anos, além de redução de taxas e alongamento de prazos, com foco em cooperados das regiões Norte e Nordeste.
A instituição disse que concluiu nesta semana uma captação de R$ 808 milhões em LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) por meio de oferta privada no mercado doméstico.
Segundo o banco, a emissão de LCAs foi a primeira realizada desde 2016 e teve demanda quatro vezes superior ao valor ofertado.
"Como esses títulos são vinculados a direitos creditórios do agronegócio, a captação contribui para compor o funding do BNDES destinado ao financiamento de investimentos na atividade agropecuária", declarou a instituição em nota.
O BNDES também reafirmou nesta sexta que remanejou recursos não utilizados do Plano Safra do ano passado, direcionando mais R$ 3 bilhões para crédito rural. "É o fundo do tacho do Plano Safra", disse Mercadante a jornalistas.
Antes, em discurso durante o evento, ele prometeu que a inadimplência do BNDES continuará "sob controle". "O banco tem uma inadimplência hoje de 0,01%, e vai continuar assim, uma inadimplência sob controle. Não prometo 0,01%, mas esse ano mantivemos 0,01%, já está anunciado."
Mercadante ainda declarou que o agronegócio é "absolutamente decisivo" para a economia brasileira. Ao tomar posse no BNDES, em fevereiro de 2023, ele elogiou o potencial produtivo do setor, mas disse que o Brasil não poderia ser só "a fazenda do mundo".
Nesse sentido, Mercadante também defendeu ações de estímulo à indústria. As fábricas são foco de um plano que foi anunciado em janeiro deste ano pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que conta com a participação do BNDES.
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