Blitz da Lei Seca termina em confusão e autuação de advogado por desacato; vídeo

Publicado em 17/08/2016, às 10h27

Por Redação

Uma confusão durante uma blitz da Operação Lei Seca, na cidade de Viçosa, Zona da Mata alagoana, no último sábado (13), resultou na autuação de um advogado e seu cunhado por desacato a autoridade e rende questionamentos à ação da Polícia Militar.

A abordagem foi filmada por uma testemunha e o vídeo circula nas redes sociais, com imagens de uma grande aglomeração de policiais militares, muitos curiosos assistindo e pelo menos uma pessoa sendo imobilizada.

É possível ouvir dois tiros e ver um militar segurando a arma, enquanto uma mulher grita para que a polícia pare. Ao mesmo tempo uma pessoa fala em usar spray de pimenta.

O vídeo chegou ao TNH1 nesta terça-feira (16) e, hoje, toda a ação foi confirmada pelas duas partes envolvidas: o advogado autuado e a PM.

Assista

De acordo com o tenente Emanuel Costa, coordenador da Operação Lei Seca em Alagoas, a blitz estava montada em Viçosa por ser a cidade vizinha a Mar Vermelho, onde ocorria o Festival de Inverno, para flagrar possíveis condutores que dirigissem embriagados.

Perto do final da operação, o veículo de propriedade do advogado Tarcísio Alves Martins, uma Amarok branca, conduzida por sua sobrinha, foi abordado na blitz. Ela entregou todos os documentos e não apresentou irregularidade.

Porém, segundo o oficial da PM, Tarcísio imediatamente se identificou como advogado e começou a proferir palavrões contra os militares. O cunhado de Tarcísio teria descido do carro e empurrado um dos policiais.

Em reação, a polícia imobilizou os dois homens, que teriam reagido de forma agressiva, o que motivou a confusão. “O advogado estava denegrindo nossa imagem. Os dois estavam embriagados e partiram para a agressão, gerando o tumulto. Todo o escândalo ali era da condutora. A única pessoa consciente era outra senhora que estava no carro e pedia para que eles não agissem daquela forma”, relatou o tenente.

Outro lado

A versão da PM é contestada por Tarcísio, que conversou com o TNH1 por telefone. Ele disse que a abordagem dos policiais foi grosseira desde o início, ao pedir à condutora o documento de porte obrigatório.

Ele disse que os militares pediram para que todos descessem do carro e questionaram sobre o retrovisor quebrado, fato que segundo Tarcísio havia ocorrido minutos antes. Ele conta que informou aos policiais que já encontrou o retrovisor daquele jeito e pediu que eles procurassem o responsável em vez de multá-lo.

Nesse momento, segundo o advogado, a PM se excedeu. “Eles disseram pra eu procurar quem quebrou, que a blitz é pra respeitar. ‘Você baixe a bola comigo’, um deles disse”, afirmou.

“Questionei o caráter educativo da blitz e se eu não podia nem conversar. Foi quando um policial disse que eu estava preso”, continuou.

O advogado diz que não ofereceu resistência, mas que foi imobilizado de forma agressiva. Seu cunhado reagiu e também foi imobilizado e acabou detido.

“Eu já estava imobilizado quando o comandante da blitz disse que, como eu não ofereci resistência, poderiam me soltar. Meu cunhado, ao me ver sendo sufocado, desceu do veículo e pediu para que me soltassem, e foi praticamente apagado”, diz.

Tarcísio diz que foi para casa, que fica próximo ao local da blitz, mas decidiu em seguida ir até a delegacia para representar o cunhado como advogado, acompanhado da irmã, que também é advogada.

Ele conta que o delegado não aceitou que houvesse dois representantes e Tarcísio acabou sendo considerado autor, assim como o cunhado. “Por um conluio entre o delegado e o oficial da blitz”, declarou.

Os dois responderam a um Termo Circunstanciado de Ocorrência por desacato à autoridade.

Ainda de acordo com o advogado, ele e o cunhado fizeram exames de corpo de delito no IML e já acionaram a Comissão de Direitos e Prerrogativas do Advogado da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas para levar o caso ao Conselho Estadual de Segurança.

Justiça

O caso será encaminhado à Justiça e fica mantida a acusação contra Tarcísio e o cunhado. A Polícia Civil considerou a ação da PM legítima e apontou que o advogado já responde a outros processos por desacato.

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