Contextualizando

Governo brasileiro precisa atuar de forma mais eficiente para a Venezuela deixar de ser país-problema para nós

Em 29 de Julho de 2024 às 18:00
O Brasil sofre as consequências da instabilidade política e econômica na Venezuela, com o aumento no fluxo de refugiados do país vizinho e ameaças de guerra na nossa fronteira.
Então, passou da hora de o governo brasileiro assumir o pragmatismo com o país-problema.
É o entendimento de Diogo Schelp:

“Como sempre, o teatro eleitoral venezuelano não se encerra quando as urnas são fechadas. A fase mais angustiante para os milhões de cidadãos que, de forma inequívoca, almejam mudança em um país castigado por 25 anos de regime chavista começa agora. A posse presidencial se dará apenas em 10 de janeiro (a votação, que normalmente acontece em dezembro, foi adiantada para este domingo, 28, em uma das manobras autoritárias de Nicolás Maduro) e, até lá, ao longo desses mais de cinco meses, há de se esperar muita contestação, intimidação e tensão política.

Esse é o momento propício para o governo Lula promover uma reorientação profunda em sua política externa para a Venezuela. O primeiro passo para isso seria evitar endossar, de imediato ou no médio prazo, o desfecho que mais interessa a Maduro. A Venezuela precisa deixar de ser um “país-problema” para o Brasil.

Quem cunhou a expressão foi ninguém menos que Celso Amorim, o assessor para assuntos internacionais de Lula que foi a Caracas, no fim de semana, para acompanhar a votação. Em livro lançado em 2022, baseado em trechos dos diários de quando foi chanceler nos primeiros governos de Lula, entre 2003 e 2010, Amorim classificou vizinhos com governos de esquerda, a exemplo de Bolívia, Equador e Venezuela, como países-problema, reconhecendo que representavam alianças trabalhosas para a diplomacia brasileira.

Por qual razão, então, o presidente petista e sua sucessora, Dilma Rousseff, davam respaldo político para os líderes dessas nações, apesar dos desmandos? Não era apenas pela afinidade ideológica. Aliás, essa servia apenas como uma roupagem conveniente para outros interesses. Amorim, em seu livro, escreveu que o cálculo para essas parcerias conturbadas era “estratégico”.

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