Contextualizando

“Ex-faz-tudo de Dirceu, dirigente do PT opera banco falso e faz reuniões fora da agenda no governo”

Em 6 de Setembro de 2024 às 17:54
Fernando Neto foi procurador do ex-ministro por cinco anos e se apresenta como dono do Atualbank.
Apesar do nome, a empresa não é autorizada pelo Banco Central e usa título falso do Tesouro Nacional para simular um lastro bilionário.
O empresário afirma que o documento é irrelevante e Dirceu diz ter rompido com ele em 2023.
As informações são de Vinícius Valfré:

“Um antigo ‘faz-tudo’ do ex-ministro José Dirceu (PT) opera um banco com lastro falso de R$ 8,5 bilhões e percorre o Palácio do Planalto, a Esplanada e o Congresso fazendo lobby e oferecendo serviços em reuniões fora de agendas públicas. O Atualbank usa documentação falsa do Tesouro Nacional, tem ‘laranjas’ envolvidos na constituição e é ligado a um estelionatário condenado no Mato Grosso.

CEO do banco, Fernando Nascimento Silva Neto, de 40 anos, acumula os negócios com sua atuação no PT. Filiado ao partido desde 2004, é dirigente da sigla na cidade de Brasília, ex-membro do diretório do DF e participou do processo eleitoral nacional da legenda, em 2019. Recentemente, passou a exibir prestígio na capital: posa com governistas, centrão e até opositores, ganhou título de doutor honoris causa de uma faculdade privada, publicou na revista do Superior Tribunal Militar e circula nos bastidores falando de tendências do governo.

O Atualbank diz ter um capital social bilionário. O valor é lastreado em uma suposta letra de crédito do Tesouro Nacional. Procurado, o Tesouro informou que o documento é falso e frisou que o uso deve ser objeto de investigação da Polícia Federal. Fernando Neto disse que o título “nunca foi utilizado e não tem funcionalidade alguma para a empresa”.

A ascensão do empresário coincide com o período em que ele ganhou das mãos de José Dirceu, em maio de 2018, uma procuração para representar o ex-ministro “em quaisquer repartições públicas federais, estaduais e municipais, inclusive no Ministério da Justiça, na Câmara e no Senado”, podendo nelas “requerer, alegar e assinar o que necessário for”.

A procuração foi assinada na véspera do dia em que Dirceu se entregou à Polícia Federal para cumprir pena no âmbito da Lava Jato. Fernando Neto gozava da estrita confiança do ex-ministro. Fazia as vezes de motorista e ficava responsável, por exemplo, por organizar a venda de livros de Dirceu durante coquetéis de lançamento. Em agendas públicas, permanecia ao alcance dos olhos do chefe para qualquer demanda.

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