Há exatos 25 anos, em 10 de maio de 1999, a Rede Manchete de Televisão saía do ar. Em menos de duas décadas de existência, a emissora colecionou algumas polêmicas, como uma novela que foi encurtada por baixa audiência e acabou nos tribunais, uma atriz famosa que recebia oferendas de telespectadores e punição por pornografia na transmissão de Carnaval.
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Este último tópico remete à folia de 1988, quando o canal teve a cassação de sua concessão cogitada após "exagerar" nas cenas proibidonas que exibiu. Segundo divulgado pelo Jornal do Brasil em 20 de fevereiro daquele ano, o relatório final do Dentel (Departamento Nacional de Telecomunicações) sobre as transmissões de bailes carnavalescos do Rio fez críticas à Band e à Manchete.
A extinta emissora teria caprichado "nas 'mulheres sendo focalizadas de baixo para cima com as pernas abertas' e no 'desfile das gatas com biquínis transparentes, com close das câmeras e comentários maldosos'. A apoteose foi no Gala Gay, quando um repórter e um transexual travam longo diálogo sobre a operação de mudança de sexo. Que termina quando 'o gay levanta a saia e mostra o sexo feminino, sem nada em cima'".
Na época, Adolpho Bloch (1908-1995), dono do canal, orientou seus funcionários a evitar exageros. Inicialmente, o governo decidiu que as duas redes ficariam 24 horas fora do ar, mas isso não aconteceu. Após a discussão se arrastar, elas receberam apenas advertências escritas e tiveram que apresentar a mensagem por dois dias seguidos em horário nobre.
Atrizes viveram momentos inusitados na Manchete
A Manchete marcou a carreira de Neusa Borges. Isso porque, na extinta emissora, a atriz interpretou a Cigana Pomba Gira da novela Carmem (1987-1988) e os telespectadores se convenceram de que ela realmente estava incorporada, o que fez com que passassem a enviar oferendas.
Em entrevista ao Conversa com Bial, a veterana lembrou do trabalho: "Sou espírita kardecista, tinha acabado de perder meu marido e estava dormindo no chão da casa da minha mãe com minhas duas filhas. De repente, o orelhão tocou na Cohab, em São Paulo: era a TV Manchete me chamando para um trabalho e eu fui".
"Todo mundo dizia que eu estava incorporada. Foi a época que ganhei mais dinheiro na minha vida. Chegava na Manchete e eram caixas de champanhe de presente para a Pomba Gira, ganhei joias, ganhei até na loteria. Os padres diziam que a Pomba Gira ia acabar com a minha vida, eu a queria de volta", disparou a famosa.
Já Carolina Kasting teve uma experiência diferente. Em 1998, a artista protagonizou a novela Brida, último folhetim que a Manchete produziu antes de decretar falência. Por conta da baixa audiência, o elenco ficou sem receber salário e se recusou a gravar um final às pressas depois que estúdios foram desativados e protestos aconteceram.
Após 24 anos, em setembro de 2022, a atriz conseguiu receber o pagamento por ter dado vida à personagem principal da história. Isso porque, em 1999, ela direcionou parte da ação para Amilcare Dallevo Jr., sócio majoritário da RedeTV!, emissora que foi obrigada pela Justiça a acertar as contas com a famosa.
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