Uma cantada agressiva, uma aproximação exagerada, um toque não consentido, o assédio escancarado ou o ato obsceno, atitudes que precedem um crime grave, que é o estupro, têm sido formalmente denunciadas nos últimos dias por vítimas que há muito tempo sofriam com situações semelhantes nos ônibus, nos pontos de parada e nas ruas.
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Elas têm ganhado apoio de outras mulheres e também dos homens e se encorajado, após a divulgação de casos como o da estudante que foi assediada em um ônibus da linha Eustáquio Gomes / Iguatemi, no dia 13 de agosto, em Maceió, e da outra jovem que filmou um passageiro tentando passar a mão em seu seio, em São Paulo, no dia 20.
E nessa sexta-feira, mais uma vítima decidiu denunciar um homem que a seguiu em um ônibus, também em Maceió, após se sentir intimidada e perseguida por ele.
Ela contou nas redes sociais que a primeira abordagem do suspeito ocorreu na terça-feira (21), quando ele a viu no ponto, lhe deu uma cantada que ela considerou agressiva e lhe pediu o número de telefone. Dessa vez, a jovem conseguiu pegar o transporte e foi embora.
Dois dias depois, na quinta, o homem a viu de novo no mesmo local e a abordou. Disse que queria ficar com ela e pediu novamente o número de telefone. Ela entrou no ônibus e ele a seguiu, pulou a catraca, e sentou algumas cadeiras à frente da jovem, sempre a observando.
A mulher fez uma foto em um dos momentos que era encarada e foi por meio dessa imagem que o homem foi reconhecido.
Após muitos pedidos de ajuda, a situação só foi encerrada depois que o motorista do ônibus foi avisado e parou próximo a uma guarnição da Polícia Militar. O homem foi detido até que a jovem fosse embora, mas foi liberado em seguida.
Prisão e soltura
Na sexta-feira, ela e a família procuraram a Polícia Civil para registrar o Boletim de Ocorrência e, horas depois, o homem foi encontrado e levado para a Delegacia da Mulher, onde foi ouvido e respondeu a um Termo Circunstanciado de Ocorrência por importunação ofensiva ao pudor. O ato não é considerado crime, por isso ele foi novamente liberado.
“Parecia que tinha saído um peso do meu corpo, até que ouvi comentarem que ele iria ser liberado. O que me deixou chocada é que quando ele foi preso, algumas mulheres agradeceram e disseram que também já foram perseguidas, mas nunca abriram Boletim de Ocorrência. Agora, o cara está solto, sabendo onde moro, a hora que vou pra faculdade, a hora que vou pra o trabalho. Qual sossego vou ter agora?”, desabafou a jovem, nas redes sociais.
Denúncia deve ser registrada
De acordo com a delegada da Mulher, Cássia Mabel, não cabe prisão para a importunação ofensiva ao pudor por ser considerado um crime de menor potencial ofensivo, mas a vítima deve fazer a queixa para que o autor seja punido. De acordo com a legislação, ele deve responder pelo ato e pagar multa.
A delegada conversou com o repórter Rafael Alves, do Cidade Alerta, da TV Pajuçara, e falou sobre o caso. Assista:
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