Presa fácil no confronto com os reservas do Athletico Paranaense, o CSA terminou goleado por 4 a 0 diante do torcedor, no último sábado (20), em Maceió. Após a partida, o técnico Argel Fucks concedeu entrevista coletiva, apontou erros e tentou explicar o placar elástico e a atuação desastrosa da equipe em casa.
LEIA TAMBÉM
Questionado sobre a estratégia de jogar pelos lados e a ausência de meio-campo no setor ofensivo, Argel afirmou que o time errou demais e que os gols não foram méritos do Furacão.
"O que aconteceu foi que a gente errou demais. Se você ver os quatro gols que nós tomamos, são quatro falhas nossas. Não é mérito do adversário. Primeiro gol é falha nossa. A gente não contava com os erros, com as falhas individuais, com as falhas coletivas. O segundo gol também é uma falha da gente. Uma falta que não foi marcada, uma jogada de linha de fundo, o centroavante sozinho para cabecear. Alguém tem que estar marcando o centroavante. Um escanteio. A gente não contava com essas falhas".
Foto: Pei Fon / TNH1
"O Athletico joga da mesma forma no 4-2-3-1. O Athletico não muda. Há dois anos o Thiago joga com essa formação. O Athletico veio com o Bruno Nazario centralizado, do lado esquerdo o Vitinho, do lado direito o Romero e na frente o Tony Anderson. E os dois volantes, o Rosseto e o Wellington. Eles tinham três no meio, nós tínhamos dois. Agora, claro que o Ricardo (Bueno) deveria ocupar esse espaço, o Alecsandro deveria ocupar esse espaço. Não conseguiram ocupar. E aí por isso que a gente fez a mudança de colocar o Jonatan (Gómez) e equilibrar o meio-campo, ficar três contra três. Não imaginávamos que iríamos tomar os gol que tomamos e da forma que tomamos", continuou.
"Volto a dizer: é falha nossa. Responsabilidade nossa, coletiva e individual. Não é mérito do adversário. A gente não contava com isso. O Athletico joga da mesma forma, jogou assim contra o Flamengo na quarta-feira, com o time titular no 4-2-3-1. Rony, Cirino, Nikão de número 10 e na frente o Marco Rubben, os dois volantes e a linha de quatro. Não é novidade, a gente sabe que o Athletico joga dessa forma. A novidade para nós, o que a gente não contava era tomar gols da maneira que tomou", concluiu.
Foto: Pei Fon / TNH1
Após a goleada em casa, o CSA agora tem a pior defesa da Série A, com 20 gols sofridos, e também o pior ataque, com apenas três gols marcados em 11 jogos. O Azulão tem 6 pontos e é o 19º colocado. A próxima partida no Brasileirão é com o Grêmio na segunda-feira (29), às 20h, no Rei Pelé, em Maceió, pela 12ª rodada.
Veja outros trechos da entrevista.
O jogo
"Trabalhamos a semana bem. Precisamos melhorar ainda em vários aspectos, técnicos, táticos e físicos. Mas a grande verdade é que os quatro gols que nós sofremos foram muito mais falhas coletivas e individuais nossas do que propriamente mérito do adversário. O adversário soube se defender bem, conseguiu equilibrar o jogo principalmente no primeiro tempo. A gente teve uma ou outra chance no primeiro tempo para tentar sair na frente. O adversário teve duas chances. Uma o Jordi pegou. A outra acabou fazendo o cruzamento, nosso posicionamento estava errado defensivamente e acabamos tomando o gol".
"Mudamos um pouco a forma de jogar, porque antes de tomarmos o gol, nós estávamos perdendo o meio-campo. Eles estavam com quatro no meio-campo e nós tínhamos apenas três. E aí sim a entrada do Jonatan Gómez, para que pudesse jogar na posição que ele joga, que é o número 10. Para dar sustentação no meio-campo, segurar um pouquinho essa bola e nós equilibrarmos o meio-campo com o Athletico".
Foto: Pei Fon / TNH1
"Veio o segundo tempo, nós começamos bem, tivemos uma oportunidade claríssima num cruzamento do Apodi, o Paraíba, praticamente dentro do gol, acabou errando em bola. Faz parte do jogo, acontece. Depois tivemos o lance do segundo gol. O lance que há falta no Dawhan e a jogada segue. Eles acabam buscando a linha de fundo e fazendo o gol de cabeça. A gente entende, não vai reclamar e colocar a culpa no árbitro. Porque depois daquele pênalti que eu vi em Flamengo x CSA, acredito que a arbitragem em momento algum vai dar alguma coisa a mais para o CSA. Tivemos um pênalti no Alecsandro, no primeiro tempo. Jogada duvidosa. Também temos que entender que a arbitragem tem a sua forma de trabalhar".
"Agora não fomos organizados, não fomos competentes. Tomamos gols principalmente de jogadas que trabalhamos durante a semana, que treinamos. Vocês que acompanham os treinamentos sabem que a gente trabalha muito a bola aérea. Um escanteio ao nosso favor, terminamos tomando o terceiro gol no contra-ataque e o consequente quarto gol. Aí já entra mais o lado emocional. Temos que lamber a ferida, assumir a responsabilidade dessa derrota. Uma derrota pesada. Resultado forte, sim. Mas o campeonato prossegue. Temos que trabalhar, levantar a cabeça, buscar uma reviravolta dentro do campeonato. Temos mais um jogo daqui a uma semana. Precisamos melhorar nossa capacidade, nossa autoconfiança o quanto antes para que possa buscar essa reviravolta".
Sem cadeira cativa
"Se você ver bem, nós jogamos praticamente com os mesmos dois jogadores que jogaram lá contra o Corinthians. Jogou o Alecsandro e o próprio Ricardo Bueno. E pelo lado, no segundo tempo principalmente, o Cassiano e o Paraíba. E foi essa equipe que treinou. Colocamos o Ricardo Bueno fazendo esse número 10. Até começamos a partida bem, pressionando o adversário, buscando alguma oportunidade. Aqui na nossa equipe não tem jogador cadeira cativa. Vamos colocar o jogador e dar oportunidade para ele se escalar dentro da equipe. Não diz no contrato do atleta que ele tem que ser titular absoluto".
Jonatan Gómez
"Tanto que o Jonatan Gómez, como você falou, entrou no jogo com 35 minutos do primeiro tempo. Ele jogou na posição dele. Ele também tem a responsabilidade, como todos têm. Quando ganha, ganha todo mundo. Quando perde, perde todo mundo. A responsabilidade do treinador é maior. Mas a gente deu a oportunidade para o Gómez. O Gómez jogou 15 minutos do primeiro tempo na posição dele, que é a número 10. Quando cheguei aqui, falaram que ele era volante. Perguntei a ele, ele disse que joga de meia, de número 10. Coloquei na posição dele de número 10 para ver a produção dele".
"E aí vocês também avaliam a produção. Quando a gente tirou o Alecsandro, a gente adiantou o Ricardo Bueno para a frente e colocou o Jonatan Gómez de 10, no posicionamento que ele gosta de jogar, que é onde ele se sente bem. E aí a avaliação de vocês da performance do atleta ou não. Ele teve 45 minutos no segundo tempo, mais 15 (no primeiro tempo), são uma hora praticamente, 60 minutos dentro da partida. Ele não conseguiu produzir. Como nem ele, como a equipe não conseguiu produzir. A responsabilidade sempre é de todos nós".
Reviravolta
"Precisamos dar uma reviravolta no campeonato. A culpa era do Marcelo Cabo, que deixou um legado muito bom para a gente, e eu agradeço ao Marcelo. Agora a partir desse momento a culpa já é nossa. A responsabilidade sempre tem que ser dividida. Quando ganha, ganha todo mundo. Quando perde, perde todo mundo. Estou há 15 dias aqui, nós conhecemos a competição. Sabemos da dificuldade que é. Tem jogadores chegando, precisamos melhorar a nossa qualidade. Estamos dando oportunidade a todos os jogadores. Até porque o campeonato é longo. Não dá para a gente lamentar muito. A gente sabia que vai brigar contra o rebaixamento até a última rodada. Quando chegarmos na 37ª ou 38ª rodada temos que estar fora da zona do rebaixamento. Mas o quanto antes precisamos buscar uma solução. E isso não é do dia para a noite. Não é em 15 dias que você resolve todos os problemas".
Foto: Pei Fon / TNH1
"Conseguimos uma atuação segura contra o Corinthians. Não conseguimos repetir essa atuação aqui dentro de casa. Perdemos o Castan machucado, o Nilton pelo terceiro cartão amarelo, perdemos o Celsinho machucado também. Temos que conviver com esses problemas que nós temos no dia a dia. Esse é o grupo de trabalho que nós temos, é com esses jogadores que a gente vai. Vamos buscar mais um jogador de velocidade na frente. Número 10? 'Ah, nós temos que trazer um meia'. O Jonatan Gómez é meia. O Didira pode jogar de meia, o Ricardo Bueno pode jogar de meia, o Euler pode jogar de meia. O importante é a gente ter essas condições para que a gente possa colocar. Precisamos de mais um jogador de velocidade que seja agressivo e pode jogar dos dois lados. Fomos atrás de vários jogadores. Alguns não querem vir, outros os clubes não liberam. Então é esse grupo que nós temos".
"Nesse momento temos que trabalhar com esses jogadores e achar uma fórmula para que a gente possa ser um pouquinho mais competitivo, mais agressivo, ter um pouco mais de velocidade, de ímpeto. Nossa equipe, principalmente o lado emocional conta muito. Nós tomamos o primeiro gol e aí pesa o lado emocional, e aí vem a pressão, vem a cobrança. A gente, que está no meio do futebol, precisa trabalhar esse lado da equipe, para que a equipe possa ter tranquilidade e equilíbrio dentro de campo, não perder a cabeça em momento algum. Depois do 2 a 0 nossa equipe se perdeu dentro do campo. Essa é a grande verdade".
"Nós não podemos na Série A se perder dentro do jogo. O adversário não vai te perdoar. Se você falhar uma vez, como aconteceu quando estava 0 a 0, nós falhamos uma vez e o adversário se aproveitou. Falhamos duas, três, e o adversário acabou se aproveitando. Faltou a gente ter o equilíbrio e a diretriz certa e fazer o que a gente fez durante a semana no trabalho, no dia a dia. Claro que a gente vai conhecendo essa equipe e dando oportunidade. Jogador nenhum pode reclamar que não está tendo oportunidade. A gente está dando oportunidade. Esse é o mais importante".
+Lidas