Após visitar o museu do Holocausto de Israel, cujas pesquisas indicam que o nazismo foi um movimento de extrema-direita, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) endossou a posição de seu chanceler, que diz que nazismo foi um movimento de esquerda.
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Questionado por um jornalista na entrada de seu hotel, em Jerusalém, se concorda com a afirmação de Ernesto Araújo, Bolsonaro respondeu: "Sem dúvidas. É o Partido Nacional Socialista da Alemanha".
Centro Mundial de Memória do Holocausto. pic.twitter.com/F3mJctW80k
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 2 de abril de 2019
O consenso majoritário entre os historiadores, incluindo os do Yad Vashem, o museu visitado por Bolsonaro,é que o nazismo foi um movimento radical de direita. O movimento liderado por Adolf Hitler no século 20 culminou com a morte de milhões de judeus.
Bolsonaro também repetiu uma citação que as redes sociais do Planalto haviam divulgado no domingo, primeiro dia de viagem a Israel.
"É uma frase minha, que creio que cabe neste local, onde fazemos um exame de consciência: Aquele que esquece o seu passado está condenado a não ter futuro". Eu amo Israel", disse o presidente.
Na última semana, Ernesto Araújo, que acompanha Bolsonaro na viagem, afirmou que o nazismo seria um regime de esquerda. Araújo chegou a escrever um texto em seu blog, Metapolítica 17, reafirmando sua posição.
Parceria duradoura
Neste terceiro e último dia de visita a Israel, Bolsonaro reafirmou que a parceira com o país "veio para ficar" e ouviu do primeiro-ministro que Israel "não tem limites" para contribuir com o Brasil.
O presidente foi questionado sobre a mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv, onde a maioria dos países mantêm representação diplomática em Israel, para Jerusalém, disputada por israelenses e palestinos.
A expectativa era que Bolsonaro anunciasse a medida nesta viagem. Em vez disso, o presidente anunciou a abertura de um escritório comercial em Jerusalém.
"Um grande casamento começa com namoro", afirmou, deixando entender que os planos estão mantidos.
Na noite de ontem, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que acompanha a viagem do pai, disse que a mudança será feita "muito antes do final de seu mandato".
Mais cedo, Bolsonaro participou do fórum Missão Comercial Brasil-Israel em Jerusalém ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e falou da nova parceria entre ambos países.
“Quero passar uma mensagem de confiança, de novos tempos e novos horizontes. Estamos à disposição de quem quiser investir no Brasil e tenham a certeza de que serão bem recebidos, bem tratados e que poderão confiar em nosso trabalho”, disse Bolsonaro.
O presidente brasileiro também disse o escritório anunciado carimba o compromisso entre os dois países e confirmar que essa relação "veio para ficar".
A medida provocou descontentamento entre palestinos e fez com que a Autoridade Palestina convocasse seu embaixador no Brasil para prestar esclarecimentos.
No fórum, Netanyahu disse a Bolsonaro que "o Brasil tem qualidades tremendas e possibilidades tremendas de se unir a nós". "Podemos ser, e queremos ser, os parceiros perfeitos."
O primeiro-ministro afirmou que Israel "não tem limites" para contribuir com o Brasil no âmbito da cibersegurança, agricultura, gestão da água e tecnologias da informação. "O céu é o limite", disse o chefe de governo israelense.
Por sua vez, Bolsonaro afirmou que Israel é um país aberto. "O que notei de Israel, estudando e agora pessoalmente, é que é um país aberto ao mundo."
Além disso, o presidente mostrou sua admiração pelas conquistas do país, considerando que "é menor que o menor dos estados brasileiros".
O presidente também mencionou que está à disposição de Israel nas áreas de recursos naturais, agricultura e biodiversidade.
Presidente encurtou a viagem
Na manhã de hoje, Bolsonaro ainda visitou a Unidade de Contraterrorismo da Polícia de Israel , onde realizou tiros ao alvo, acompanhado de seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro, e do ministro de Segurança Interna de Israel, Gilard Erdan. Depois, se encontrou com centenas de empresários brasileiros e israelenses que vivem no país.
Durante sua passagem por Israel, Bolsonaro também visitou o Muro das Lamentações acompanhado pelo premiê israelense, Benjamin Netanyahu - o que é considerado um gesto histórico. Tradicionalmente, presidentes não visitam o Muro acompanhados de autoridades de Israel, como forma de manter a equidistância do conflito israelo-palestino.
O presidente, no entanto, encurtou sua viagem. Era esperado que ele voltasse às 11h40 (5h40 do horário de Brasília) de amanhã, após se encontrar com membros da comunidade israelense que vivem em Raamana, cerca de 20 km de Tel Aviv. O encontro foi cancelado por motivos de segurança, e Bolsonaro deve decolar voo às 9h30 (3h30 do horário de Brasília). Ele chega à capital por volta das 18h40. (Com informações da agência EFE)
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