Carmen Blandin Tarleton, de 51 anos, foi umas das primeiras mulheres a realizar um transplante facial em 2013, e agora terá que voltar para a mesa de cirurgia, já que o corpo dela começou a rejeitar o rosto transplantado.
LEIA TAMBÉM
Tarleton é uma vítima de violência doméstica, e em 2007 foi atacada pelo ex-marido, que a espancou com um taco de beisebol e queimou 80% do corpo dela com soda cáustica. Seis anos atrás, ela finalmente recebeu um transplante facial no Brigham and Woman’s Hospital, em Boston, que é onde também está fazendo todos os exames para a segunda cirurgia.
Ainda que os médicos envolvidos tenham alertado que os órgãos transplantados tenham uma certa validade, a situação serve como lembrete de que, apesar dos recentes sucessos neste campo, o transplante de rosto ainda é algo experimental e os cientistas ainda possuem muitas dúvidas sobre os benefícios e os riscos da operação.
Desde a cirurgia, realizada em fevereiro de 2013, Tarleton já teve diversos episódios de rejeição do corpo ao seu novo rosto, e todos eles conseguiram ser tratados com medicamentos. Mas, no mês passado, os cirurgiões descobriram que alguns dos vasos sanguíneos que alimentavam o tecido transplantado foram acabaram diminuindo de tamanho e se fecharam sozinhos, causando necrose (morte das células) dos tecidos faciais remanescentes da paciente.
A partir daí, dois cenários são possíveis: ou esse problema terá um progresso lento, o que permitiria que ela entrasse na fila e conseguisse um novo transplante de rosto, ou esse problema irá se alastrar bem rápido, o que obrigará os médicos a retirar todo o tecido transplantado e refazer o rosto da paciente do zero.
O caso de Tarleton não é o primeiro a necessitar de um segundo transplante, e além dela um paciente francês precisou, no ano passado, fazer um segundo transplante facial, depois de o sistema imunológico dele rejeitar o órgão oito anos após o primeiro procedimento.
No total, mais de 40 pacientes no mundo todo já se submeteram a um desses transplantes e, de acordo com o Dr. Brian Gastman (cirurgião que atua em uma clínica na cidade de Cleveland e que foi o primeiro a efetuar um transplante de rosto nos Estados Unidos), mais pacientes devem começar a sentir o efeito da rejeição nos próximos anos. Há uma crença entre a comunidade de pesquisadores que, em certo ponto da vida, todos os pacientes precisarão passar por um segundo transplante.
Mesmo com todas essas complicações, Tarleton se diz não se arrepender nem um pouco do transplante, e que o faria de novo sem pestanejar, já que ele foi responsável por melhorar muito sua vida. Desde o transplante, a paciente aprendeu a tocar piano e banjo, perdeu quase dez quilos, faz caminhadas semanais, escreveu uma autobiografia e tem dado várias palestras sobre superação. Tudo isso ela só conseguiu fazer por conta da confiança que o novo rosto lhe proporcionou.
+Lidas