Futebol

Análise: CSA segue cartilha de rebaixamento e precisa ligar "modo urgência"

Gabriel Amorim* | 11/06/24 - 08h37
Crédito: Augusto Oliveira / CSA

Não há nada tão ruim que não possa piorar. O ditado é antigo no futebol, mas resume bem o que foram as oito rodadas iniciais do CSA na Série C. Ainda sem saber o que é vencer na competição, o Azulão se afundou na zona do rebaixamento e precisa de uma recuperação urgente para evitar a queda para a quarta divisão.

Lutar apenas pela permanência não estava nos planos da diretoria do Marujo. Ao menos, não de maneira expressa. Um dia antes de abandonar o cargo de executivo de futebol do CSA, Rodrigo Pastana chegou a falar sobre uma eventual campanha de classificação para a próxima fase da competição. "Peço, de verdade, para que juntos a gente tenha só uma linha a seguir. E essa linha é da convicção naquilo que tem sido feito, […] para que a gente tenha melhor desempenho e, com isso, chegar ao resultado que almejamos: o maior número de vitórias possíveis para que possamos classificar", disse ele à época. 

No dia seguinte, Pastana pediu demissão após menos de 15 dias à frente do trabalho presencial. A razão pela saída do executivo seria a insatisfação em relação a autonomia para comandar o futebol do clube, principalmente na palavra final na hora de contratar.

Por falar em contratações, da última leva de reforços (Brayann, Roberto e Foguinho), somente o primeiro esteve no banco e nem sequer entrou na última partida, na noite dessa segunda-feira (10), no novo tropeço em casa diante do São José.

Aliás, dos 11 titulares desse último jogo, oito estavam naquele time que conseguiu ser eliminado na fase de grupos do Campeonato Alagoano - estadual com oito times na fase inicial e que avança à metade para as semifinais.

De lá para cá, o CSA mudou de internamente de forma drástica. Rafael Tenório renunciou à presidência do clube. Junto dele, uma penca de diretores também deixaram seus cargos, além do executivo e do diretor de futebol que iniciaram a temporada - Alarcon Pacheco e Marlon Araújo. A vice-presidente, Mirian Monte, assumiu a presidência e está tocando o barco com novos diretores escolhidos a dedo. Em meio a isso tudo, o clube ainda lida com uma recuperação judicial, medida anunciada em agosto de 2023.

Nova diretoria do CSA | Crédito: Augusto Oliveira / CSA

Mas se material humano não falta, seja ele no corpo técnico ou na delegação (com 43 jogadores contratados somente neste ano), o clube ainda não conseguiu transformar isso em evolução dentro de campo. Na 18ª posição, o CSA só conquistou quatro pontos de 24 possíveis no Brasileiro. Um aproveitamento surpreendente de 16,6%. O número chama ainda mais atenção quando comparado com as situações dos times rebaixados na temporada passada: Manaus (35%), América-RN (33,3%), Altos-PI (22,8%) e Pouso Alegre (21%).

O cenário fica ainda mais desesperador quando o torcedor abre a tabela e vê que há vários clubes próximos ao Azulão com jogos a menos na competição que, em caso de resultados positivos, podem atolar o time ainda mais na parte final da tabela: Sampaio Corrêa (20°, dois pontos e sete jogos), São José (17°, 4P e 5J), Caxias (16°, 5P, 4J), Aparecidense (15°, 6P, 7J) e Ferroviário (14°, 7P e 7J).

A cada rodada, apesar das tentativas de mudanças na forma do time jogar, impostas pelo técnico recém-chegado, Higo Magalhães (o quarto de 2024, vale lembrar), ainda não se converteram em resultado e pontos na tabela da Série C. Contra o São José, foi o segundo jogo seguido que o clube deixa escapar o resultado na mão na reta final da partida. Antes disso, o Azulão arrancava um empate contra o Volta Redonda no Estádio Raulino de Oliveira, no Rio de Janeiro, quando tropeçou no fim e perdeu a chance de pontuar.

E se quiser permanecer na Série C, o CSA não tem mais margem de erros. Quando se enfrenta uma crise desse tamanho, somente os resultados trarão paz e tranquilidade para o trabalho. Com reforços que ainda não estrearam e outros que devem ser anunciados como uma cartada final, o Marujo ainda tem condições de sair dessa situação, mas é preciso que a diretoria tenha noção da urgência para mudanças serem feitas.

*Gabriel Amorim é estagiário do TNH1. O texto reflete a opinião pessoal do autor, não necessariamente a do portal.