Amuleto milenar descoberto na Alemanha pode reescrever a história do cristianismo na Europa

Publicado em 16/12/2024, às 22h50
Amuleto milenar entrará permanente na exposição do Museu Arqueológico de Frankfurt - Foto: Reprodução Archeologisches Museum Frankfurt
Amuleto milenar entrará permanente na exposição do Museu Arqueológico de Frankfurt - Foto: Reprodução Archeologisches Museum Frankfurt

Por Extra Online

Pesquisadores encontraram um pequeno amuleto misterioso que poderá mudar o que se sabe até hoje sobre o cristianismo na Europa. Com uma fina folha de prata enrolada, o objeto guarda um texto de 18 linhas que pode ser interpretado de forma cristã. O amuleto data de 230 a 260 d.C. Até então nunca houve evidência tão antiga do cristianismo na região. Na época, as religiões predominantes eram o judaísmo e o paganismo.

A descoberta foi liderada pelo Centro Leibniz de Arqueologia, em Mainz, e publicada pelo Archeologisches Museum Frankfurt, em Frankfurt. O mais especial da descoberta é a data a qual pertence o amuleto. Até o momento, todas as descobertas relacionadas ao cristianismo neste ponto do planeta são pelo menos 50 anos mais jovens.

O amuleto foi descoberto no noroeste de Frankfurt, a antiga cidade de Nida do império romano . Foi retirado de um túmulo de um homem enterrado com uma tigela de incenso e um jarro feito de barro cozido. O objeto estava debaixo do queixo do esqueleto. Deste modo, a equipe de pesquisadores acredita que pode se tratar de um cordão.

O texto de 18 linhas precisou ser decifrado pelos pesquisadores. Como a folha é muito frágil e quebradiça, foram feitos procedimentos de imagem de raio-x para identificar o escrito.

“Chamei especialistas em história da teologia, entre outros, e abordamos o texto juntos, pedaço por pedaço, e finalmente o deciframos”, conta o professor Markus Scholz, arqueólogo da Universidade Goethe, em Frankfurt.

Segundo o professor, o texto está escrito inteiramente em latim. Esse é um detalhe que chama atenção da equipe, pois naquela época “tais inscrições em amuletos eram geralmente feitas em grego ou hebraico”, completou Scholz.

Além disso, até o século V, amuletos de metais preciosos tinham uma mistura de diferentes religiões. Mas os especialistas descrevem este amuleto como “puramente cristão”, porque não há referências pagãs ou elementos do judaísmo.

Agora, os especialistas consideram o homem que carregava o amuleto como o “primeiro cristão no norte dos Alpes”. No entanto, eles também afirmam que o fato de esse indivíduo existir sugere que pode haver mais locais de sepultamento cristão a serem descobertos.

“Esta descoberta extraordinária afeta muitas áreas de pesquisa e manterá a ciência ocupada por muito tempo”, afirmou a Dra Ina Hartwig, chefe de cultura e ciência de Frankfurt.

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