Três dos quatro acusados da morte de Abinael Ramos foram condenados a 20 anos de prisão após decisão do júri popular, realizado nessa terça-feira, 26, no Fórum de Rio Largo. As sentenças foram calculadas e lidas pela juíza Eliana Machado, titular da 3ª Vara Criminal de Rio Largo, ao fim do julgamento, já na madrugada desta quarta-feira, 27. O quarto envolvido foi condenado pelo crime de ocultação de cadáver e recebeu uma pena menor.
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Ericksen Dowell da Silva Mendonça, apontado como o mandante do crime, foi condenado pelos crimes de homicídio qualificado, dano qualificado e ocultação de cadáver, com pena acumulada em 20 anos e 9 meses. Como estava preso desde o dia 21 de junho de 2016, ele vai cumprir mais 15 anos, quatro meses e 25 dias em regime fechado.
Deivison Bulhões da Rosa Santos e Jalves Ferreira da Silva foram condenados pelos mesmos crimes e também pegaram 20 anos e 9 meses de pena. Como também estão presos desde 2016, eles vão cumprir o restante da pena em regime fechado. Já o acusado Jonathas Barbosa de Oliveira foi condenado pelo crime de ocultação de cadáver, mas como cumpre prisão preventiva há cinco anos, teve a soltura determinada pela juíza.
O julgamento - Após cinco anos do caso que chocou Alagoas, a Justiça julgou nesta terça-feira, 26, os quatro acusados de envolvimento na morte de Abinael Ramos. O primeiro depoimento foi de Alexandre Gomes Costa Neto, dono da empresa onde trabalhavam Abinael Ramos Saldanha e Ericksen Dowell da Silva Mendonça. Ele disse que Abinael Saldanha chegou a pedi-lo prioridade na contratação do Ericksen e destacou o trabalho exemplar da vítima, Abinael.
Na sequência, foi ouvido o gerente da empresa na cidade de Aracaju, Regivaldo de Jesus Clementino. Ele relatou que foi a última pessoa a falar por telefone com Abinael, antes da vítima desaparecer. "Lembro que era 21h19 e a ligação durou apenas 7 minutos. Estávamos conversando, ele no viva voz e eu no sofá de casa. Conversamos nesse intervalo de tempo, quando ele supostamente parou o carro e disse 'tô vendo o Ericksen aqui. Dá um legal pra ele, ele está vendo você'. E ele [Abinael] falou para mim assim: 'bicho, depois eu te ligo, te ligo já, te ligo já'. Essas foram as últimas palavras do Abinael para mim", relatou Regivaldo.
O irmão de Abinael Saldanha, Wallei Ramos Saldanha, se emocionou ao lembrar dos fatos. "Não tem nem como mensurar a dor, nem só para a família. Todo mundo que o conhecia o amava. A perda dele foi perder um pedaço da gente", disse Wallei.
A ex-noiva de Abinael, Elainy Kelly Oliveira de Medeiros, falou sobre a relação do noivo com o então amigo Ericksen. "Eles eram amigos. Foi o Ericksen que me apresentou ao Abinael. Pelo que eu sei, sempre foram amigos e nunca tiveram nenhum desentendimento, nem dentro da empresa", disse Kelly. Ela se emocionou ao lembrar que o corpo foi achado em estado de decomposição e o caixão teve que ficar fechado durante o velório. "Não tivemos direito a despedidas", disse, entre lágrimas.
Apontado como o mandante do crime, Ericksen Dowell da Silva Mendonça disse que, antes da morte de Abinael, havia recebido a quantia de R$ 12 mil do amigo e colega de trabalho, insinuando que Abinael também trabalhava emprestando dinheiro a juros. Ele também acrescentou que a vítima ameaçou matá-lo, caso Ericksen não conseguisse quitar o empréstimo na data acordada. Ericksen chorou e pediu perdão à família pelo fatídico acontecimento de 15 de junho de 2016.
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