Cirurgiões transplantaram o rim de um porco em um homem com morte cerebral. O órgão está funcionando normalmente há mais de um mês — um passo crítico em direção a uma operação que a equipe de Nova York espera eventualmente experimentar em pacientes vivos, de acordo com informações da Associated Press.
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Cientistas dos Estados Unidos estão correndo para aprender como usar órgãos de animais para salvar vidas humanas, e corpos doados para pesquisa oferecem uma boa oportunidade para testar.
O último experimento anunciado nesta quarta-feira (16) pelo Instituto de Transplante Langone da Universidade de Nova York (NYU) marca o tempo mais longo que um rim de porco funcionou em uma pessoa, embora falecida. Os pesquisadores devem acompanhar o desempenho do rim por um segundo mês.
Esse órgão realmente vai funcionar como um órgão humano? Até agora está parecendo que sim.
— Dr. Robert Montgomery, diretor do Instituto de Transplante Langone da NYU.
Órgão geneticamente modificado
“Parece ainda melhor do que um rim humano”, disse Montgomery em 14 de julho, quando substituiu os rins de um homem falecido por um único rim de um porco geneticamente modificado – e o observou imediatamente começar a produzir urina.
A possibilidade de que os rins de porco possam um dia ajudar a aliviar a terrível escassez de órgãos para transplante convenceu a família de Maurice "Mo" Miller, do interior do estado de Nova York, a doar seu corpo para o experimento. Ele morreu repentinamente aos 57 anos com um câncer cerebral não diagnosticado anteriormente, descartando a possibilidade de doação de órgãos.
Tentativas de transplante de animal para humano, ou xenotransplante, falharam por muito tempo porque o sistema imunológico humano ataca o tecido estranho, gerando rejeição ao órgão novo.
Agora, os pesquisadores estão usando porcos geneticamente modificados para que seus órgãos correspondam melhor aos corpos humanos.
No ano passado, com permissão especial dos reguladores, os cirurgiões da Universidade de Maryland transplantaram um coração de porco em um paciente que não possuía outras opções de tratamento.
Ele sobreviveu apenas dois meses antes de o órgão falhar por razões que não são totalmente compreendidas, mas que oferecem lições para futuras tentativas. Uma das hipóteses é que a falha tenha sido causada pela infecção do vírus suíno Porcine cytomegalovirus (PCMV).
Nos suínos, o PCMV geralmente se manifesta em leitoas lactantes ou animais recém-desmamados na forma de rinite e conjuntivite acompanhada de espirros e secreção nasal. A infecção de porcas grávidas e virgens pode levar ao parto de leitões mortos, mumificados, natimortos ou fracos, de acordo com a Faucldade de Medicina Veterinária de Iowa.
Mais estudos à vista
A agência reguladora americana Food and Drug Administration está considerando a possibilidade de permitir alguns estudos pequenos de transplantes de coração ou rim de porco em pacientes voluntários.
Também na quarta-feira, a Universidade do Alabama em Birmingham relatou outro sucesso importante: um par de rins de porco funcionou normalmente por sete dias dentro de outro corpo doado.
O Dr. Muhammad Mohiuddin, de Maryland, adverte que não está claro até que ponto um corpo morto irá imitar as reações de um paciente vivo a um órgão de porco.
Mas ele disse que a pesquisa educa o público sobre o xenotransplante para que "as pessoas não fiquem chocadas" quando chegar a hora de tentar novamente na vida.
Quanto tempo devem durar esses experimentos? Isso ainda não está claro e existem várias questões éticas envolvidas. Entre elas, o questionamento: por quanto tempo uma família fica confortável com isso? Como manter uma pessoa com morte cerebral em um ventilador é difícil, também depende de quão estável é o corpo doado.
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