Após a polêmica provocada pela prisão da jornalista Maria Aparecida de Oliveira, acusada de calúnia, injúria e difamação pelo procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, o chefe do Ministério Público Estadual disse, durante entrevista coletiva, na tarde desta terça-feira, 24, que decidiu entrar com uma representação contra a jornalista, após ler em seu blog acusações falsas contra seus familiares.
A jornalista Maria Aparecida de Oliveira foi presa na tarde dessa segunda-feira (24) após cumprimento de mandado judicial. Nesta terça, o próprio MPE pediu a revogação da prisão.
“Primeiro que meu pai tinha usado de fraude para se aposentar, sem nunca ter sido cardíaco. Meu pai já se submeteu a duas cirurgia de safenas. Outra, que a minha família é de bandidos, ou de marginais”.
Segundo ele, após tomar conhecimento do conteúdo, ele decidiu entrar com uma representação contra Maria Aparecida por calúnia, injúria e difamação. Gaspar fez questão de afirmar que o MP tem trabalhado pela liberdade de imprensa, para defender o direito de informação, mas não abre mão de seu direito à honra.
O Chefe do Ministério Público não poupou acusações à jornalista, a quem se referiu com uma “criminosa em série”, ao citar a quantidade de processos que Maria Aparecida responde por calúnia e difamação.
Sobre a prisão da jornalista, Gaspar afirmou que não houve interferência sua e que nunca usou de seu cargo para perseguir ninguém.
Perguntado se houve exagero na prisão de Maria Aparecida, Alfredo Gaspar de Mendonça disse que confia nos promotores criminais que moveram a ação contra a jornalista.
“A ação foi prontamente atendida pelo Poder Judiciário. Mas o mesmo Ministério Público que pediu a prisão e que entendeu que aquela medida era necessária, é o mesmo que foi lá, sem interveção de ninguém e possibilitou uma medida menos gravosa”, disse Gaspar.
Defesa: houve excesso
Em entrevista ao TNH1, o advogado de defesa de Maria Aparecida de Oliveira, Lucas Bonfim, disse que ingressou ontem mesmo com um habeas corpus. Ele classificou como extrema as medidas do ministério público e questionou ainda o fato de o processo correr em segredo de justiça.
"Foi uma medida extrema que abre precedentes perigosos para toda a imprensa. E mais, não há em todo o processo absolutamente nada que justifique o segredo de Justiça. Foi uma medida abusiva e totalitária”, disse o advogado.
Sindjornal diz que prisão abre "precedente perigoso"
O presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas, Isaías Barbosa, disse hoje que a prisão da jornalista abria um “precedente perigoso” contra a liberdade de expressão. “Vamos nos inteirar [sobre o que motivou a prisão], mas já temos a posição de que não aceitamos qualquer medida extrema para tentar calar um comunicador”, declarou.
Para ele, houve excesso em decretar a prisão. “Pelo que tenho conversado com advogados, o para o crime de calúnia não caberia prisão”.
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