Alagoano vence dependência química e se torna empreendedor

Publicado em 27/07/2019, às 14h21
Paulo Alves fabrica e vende pães na cidade onde mora, no interior de Alagoas | Seprev / Vitor Beltrão
Paulo Alves fabrica e vende pães na cidade onde mora, no interior de Alagoas | Seprev / Vitor Beltrão

Por Ascom Seprev

Na receita adicione compreensão, coloque inclusão e uma boa pitada de oportunidade. Assim é a vida de Paulo Alves, de 41 anos, empreendedor do ramo da panificação que mudou a sua história após descobrir na fabricação de pães caseiros uma nova chance de garantir renda para a família e, bem mais do que isso, viver longe do vício.

Natural do município de São Miguel dos Campos, região Metropolitana de Maceió, o agora padeiro – num passado não tão distante - chegou a traficar drogas, virou dependente químico, além de ter sido alvo de várias tentativas de assassinato.

Na nova vida, a fama de Paulo agora é outra. A qualidade e a excelência dos produtos desenvolvidos na cozinha do seu lar se espalharam na região onde mora e os amigos e vizinhos começaram a encomendar os pães caseiros.

A virada na vida de Paulo só foi possível graças ao trabalho da Comunidade Acolhedora Dom Bosco, um dos 35 espaços de recuperação credenciados à Rede Acolhe, e do Centro de Referência em Reinserção Social e Produtiva para Dependentes Químicos de Alagoas. Por lá, durante alguns meses, após finalizar o tratamento contra dependência química, ele aprendeu o ofício de padeiro num dos cursos que o equipamento da Secretaria de Estado de Prevenção à Violência oferece.

“Quando eu olho para trás e vejo o que eu era às vezes nem acredito, mas com a ajuda de Deus e dos Anjos e Agentes da Paz consegui vencer. Quem me vê hoje, aos 40 anos, não imagina que aos 15 anos experimentei a primeira droga, aos 18 conheci o crack e aos 20 comecei a usar drogas injetáveis”, relembra.

O miguelense sonha alto. Com as perspectivas da guinada nos negócios, ele pretende ajudar outras pessoas que também passaram pela mesma situação.

“Esse curso foi que me despertou porque a gente muitas vezes anda atrás de trabalho e nem sempre consegue de imediato. Agora eu tenho sonho de abrir formalmente a ‘Nira Pães’ e colocar pessoas que passaram pelo que eu passei para trabalhar conquistando o pão de cada dia”, projeta.

Os pães recheados de frango, pão de queijo, chocolate e goiabada – com valores de R$ 5 a R$ 10 - vêm contribuindo para o orçamento da família, como ressalta Solange Alves, mãe de Paulo.

“Com a ajuda da comunidade e do curso de padeiro meu filho renasceu.  Fico feliz quando vejo as pessoas que estão comprando parabenizando a qualidade do pão e também o exemplo de superação. De pouquinho em pouquinho, as vendas vão saindo.”, expõe com orgulho Solange.

Thiago Rodrigues, dos Agentes da Paz, que acompanha Paulo, conta que o próximo passado da equipe é auxiliá-lo na abertura do registro de Microempreendedor Individual (MEI).

“Estamos acompanhando todo o processo de reinserção dele e ficamos felizes quando vemos que o que estamos fazendo vem surtindo efeito.  Agora vamos ajudá-lo a formalizar a padaria e assim contribuir para a profissionalização efetiva”, adianta.

Histórico

O Centro de Referência em Reinserção Social e Produtiva para Dependentes Químicos de Alagoas - um marco na história no trabalho realizado pela Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev) - completou em junho um ano de atividades com grandes resultados.

O equipamento, que oferta cursos, oficinas produtivas e acompanhamento psicossocial de dependentes químicos que foram acolhidos e recuperados por uma das 35 comunidades acolhedoras credenciadas à Rede Acolhe, capacitou em um ano de funcionamento mais de 300 pessoas e contribuiu com a inclusão no mercado de trabalho de outras 50.

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