Morando há 11 meses na cidade onde foi realizado o maior lockdown do mundo, Melbourne, na Austrália, o jornalista Eduardo Vieira, de 28 anos, é voluntário no estudo da vacina Novavax, empresa de bioetecnologia norte-americana.
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Ele já tomou duas doses da vacina, e neste mês de março tomará uma terceira. Mas como em todo experimento, Eduardo naõ sabe se está tomando uma das duas versões da vacina – há uma ‘forte’ e outra mais ‘fraca’ - , ou se está ingerindo apenas placebo, uma substância sem efeito.
Eduardo: acompanhamento e coleta de exames para teste com vacina |
O jornalista conta que duas vezes por mês ele mesmo faz a coleta de secreção nas narinas, e o laboratório vai até a casa dele para pegar o material e analisar se ele contraiu ou não o novo coronavírus.
“Venho sendo acompanhado desde setembro. Tenho um aplicativo onde registro se tive febre, gripe, e faço a coleta com o cotonete no nariz. Agora dia 27 vou tomar a terceira vacina”, contou.
Vacina tem 96% de eficácia
Kit usado por pacientes que participam do estudo da Novavax |
Nos testes realizados no Reino Unido com a mesma vacina que o jornalista alagoano participa dos testes na Austrália, a NVX-CoV2373, vacina da farmacêutica americana Novavax contra a Covid-19, tem 96% de eficácia global na prevenção de casos causados pelo coronavírus.
Segundo reportagem do portal G1, o método utilizado pela companhia americana se chama "vacina recombinante". A Novavax usou engenharia genética para cultivar réplicas inofensivas da proteína que o novo coronavírus usa para entrar nas células do corpo, em laboratório. Os cientistas extraíram, purificaram a proteína e a embalaram em nanopartículas do tamanho do vírus.
Em agosto do ano passado, a empresa divulgou os resultados de fase 2 da vacina, que é aplicada em duas doses. Os dados mostraram que a vacina induziu uma "resposta robusta" de anticorpos e foi "bem tolerada" pelos participantes da pesquisa.
País chegou a zerar infecções
Austrália, país que ocupa 90% da Oceania, é considerado por especialistas o país onde foi feito um "lockdown de fato", com efeitos muito positivos.
Em janeiro deste ano, o país, com 26 milhões de habitantes, chegou a zerar as infecções por Covid-19, depois de acumular cerca de 28.750 casos e 909 mortes desde o início da pandemia.
Nesta sexta-feira, 12, durante a produção desta matéria, o país registrou apenas 12 novos casos da doença.
"Na Austrália [a Covid] não foi tão cruel como no Brasil. Exatamente onde estou, em Melbourne, foi o maior lockdown do mundo, e mesmo com essa situação ter sido controlada, teve uma época, entre julho e novembro que a gente estava meio fora do controle, 300, 400, 700 casos ao dia, mas poquíssimas mortes, mais mortes em asilos, de pessoas idosas. Mesmo assim fecharam as fronteiras, e estão fechadas até hoje, ninguém sai ou entra no país, só quem é cidadão, mesmo assim precisa de autorização. Melbourne, lugar que mais foi afetada, a vida já voltou ao normal", conta o jornalista alagoano.
A vacinaçao é bem devagar. O país não é prioridade em receber as vacinas, além da Novavax, Astrazeneca e Pfizer, mas rercebeu pouquísimas doses, já garantiu as doses para toda a população, inclusive os que não são cidadãos. Mas está bem devagar, porque o país está bem controlado", conta.
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