Daniel Lima Costa, economista alagoano e presidente da Associação Nordestina de Energia Solar:
"Desde 2019, a região Nordeste do Brasil, com uma matriz elétrica de 69,2 GW de potência instalada composta por 16% de termelétricas, 18% de hidrelétricas e 66% de fontes solares e eólicas, vem se destacando como exportadora de energia limpa para o restante do país. No entanto, essa posição está sob ameaça devido a uma série de fatores que podem desencadear uma grave crise econômica na região.
O aumento dos impostos de importação de módulos solares — segundo a empresa #Greener, deve impactar o capex dos investimentos em mais de 8% — é um dos principais desestímulos aos futuros investimentos em fontes renováveis. Essa medida, somada a outras políticas desfavoráveis, cria uma tempestade perfeita que pode prejudicar gravemente o desenvolvimento da região.
Além disso, os cortes de geração de energia por questões operativas do Sistema Interligado Nacional (curtailment ou constrained-off) agravam a situação com prejuízo de R$ 1,7 bilhões para os geradores solares e eólicos até outubro deste ano. A falta de infraestrutura para escoamento de energia e o aumento dos custos de importação não só desestimulam novos investimentos, mas também ameaçam a continuidade dos projetos existentes.
O Nordeste, que vinha se consolidando como um polo de energia limpa, corre o risco de perder 96,5 GW (gigawatts)¹ — 18,1 GW eólicos e 78,4 GW solares — de empreendimentos já outorgados, o que pode levar a uma crise econômica de grandes proporções.
Para se ter uma ideia do tamanho do prejuízo, cada GW (gigawatt) representa cerca de R$ 4 bilhões em investimentos e aproximadamente 30 mil empregos que deixam de ser criados. Sem falar dos impactos nos investimentos envolvendo a produção do hidrogênio verde e nos data center.
Os políticos nordestinos precisam estar atentos a essa situação. É crucial que se mobilizem para reverter essa tendência e garantir que a região continue a atrair investimentos em energias renováveis. A sustentabilidade e o desenvolvimento econômico do Nordeste dependem de um ambiente favorável para a expansão das fontes de energia limpa."
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