Afundamento do solo faz parte de mangue ser engolido por lagoa no Mutange

Publicado em 08/10/2021, às 10h04
Reprodução / TV Pajuçara
Reprodução / TV Pajuçara

Por TNH1 com TV Pajuçara

O primeiro estudo específico sobre os impactos ambientais na região do Mutange, um dos bairros afetados pelo afundamento de solo, mostrou que a área de mangue está sendo engolida pelo avanço da Lagoa Mundaú. 

Quem confirmou e detalhou esse resultado foi o coordenador do gerenciamento costeiro do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA-AL), Ricardo César, em entrevista ao vivo ao programa Cidade Alerta Alagoas, da TV Pajuçara, na noite dessa quinta-feira, 7. Segundo Ricardo César, uma área de 13 hectares, equivalente a 130 mil m², ou seja, 20 campos de futebol, foi inundada pela lagoa. 

"Foi um relatório no âmbito ambiental, foi bem eclético, desde batimetria, que é o levantamento de profundidade, salinidade, temperatura, levantamento de fauna e flora, para que sirva também de marco zero para acompanhamento da evolução dos problemas. Em relação ao mangue, neste diagnóstico que nos foi apresentado num primeiro momento virtual, foi apresentado que aproximadamente 13 hectares de mangue naquela região do Mutange houve uma subsidência, ou seja, o solo afundou e esse manguezal foi inundado. Então, esse manguezal com certeza vai morrer, pois não sobrevive em área 100% inundada, em período todo inundado. O IMA vai trabalhar quando receber esse documento, nas medidas de compensação e nos processos administrativos devido a esse dano". 

Questionado se era previsível esse avanço da lagoa na área de mangue, o coordenador do IMA afirmou que a velocidade da inundação surpreendeu. "Foi uma surpresa. Até quando estavam apresentando esse relatório foi que tivemos uma percepção da área que foi afetada por esse afundamento do solo na área da margem da Lagoa do Mundaú. [...] Foi bastante significativo, estivemos no local e constatamos também imagens aéreas. A inundação foi bastante grande. É praticamente imperceptível dentro do continente, mas dá para ter noção da área lagunar". 

Segundo Ricardo César, a Braskem deverá apresentar um plano de compensação ambiental com o replantio de uma área de pelo menos três vezes da que foi afetada. 

"Tem várias formas [para a compensação]. Em uma delas, legalmente, a empresa mineradora tem que fazer um replantio de três vezes o que foi (afetado), então se foram 13 hectares, ela vai ter que colocar 39 hectares de manguezal, procurar uma área que seja compatível para o mangue desenvolver e fazer o replantio. Isso também não impede que venham outras compensações voltadas ao meio ambiente. Mas o mais importante que a gente entende é recuperar essa área de manguezal que foi perdida", disse o coordenador, acrescentando que essa recuperação deve ser feita dentro do próprio Complexo Lagunar.

"O manguezal exige, na verdade, uma área bem específica para que se desenvolva. A empresa responsável vai ter que encontrar uma área que seja compatível dentro do mesmo ambiente do complexo lagunar, para que esse mangue seja replantado. Nessa proporção de 1 para 3, de um manguezal perdido para três. Eles vão ter que recompor três vezes mais do que foi perdido. Vê-se também que na área que foi inundada eles estão tentando fazer a estabilização injetando areia. São três minas até o momento em que ocorreram esse colapso, se cessar, e aquela área estabilizar, também pode ser recomposta na nova margem que foi formada", comentou.

Veja abaixo a entrevista completa, que foi ao ar no programa Cidade Alerta Alagoas, da TV Pajuçara:

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