O julgamento do ex-policial militar Josevildo Valentim dos Santos Junior, que teve início na manhã desta quinta-feira, 13, foi cancelado depois que o advogado do ex-militar, Luis Estevão Perez, abandonou a defesa e deixou o plenário ao receber uma negativa do juiz Yulli Roter. “O júri foi cancelado por abandono processual do advogado de defesa”, diz nota da assessoria do Tribunal de Justiça de Alagoas. Ainda de acordo com a assessoria, o réu tem cinco dias para constituir novo advogado. O júri será remarcado.
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Em aproximadamente quatro horas de julgamento, três pessoas foram ouvidas: Agnísio dos Santos, que sobreviveu aos quatro tiros disparados pelo ex-policial militar Josevildo Valentim; o pai de Agnísio e o irmão da vítima, Aparecida Rodrigues Pereira, estuprada e morta por Josevildo.
O promotor de justiça, Frederico Monteiro, defendeu a aplicação de multa, o que foi acatado pelo juiz que arbitrou multa de 20 salários mínimos. De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério Público, além da multa, a conduta do advogado será encaminhada ao Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Veja vídeo:
Depoimento do sobrevivente - Agnísio dos Santos Souto prestou depoimento na manhã desta quinta-feira, 13, durante uma das fases do júri popular do ex-soldado. O jovem deu detalhes do dia do crime, desde o namoro com "Cidinha" - como era conhecida a vítima, na porta da casa dela, em Ponta Grossa - até o sequestro seguido pelo estupro da mulher e pelo ataque a tiros contra os dois namorados, no Pontal da Barra.
"Eu estava na casa de um amigo no Vergel e conversando com a Aparecida no WhatsApp. Ela pediu para eu ir na porta dela para a gente conversar. A gente estava começando a se conhecer. O meu amigo me deixou lá e foi embora. Fiquei na porta da casa dela, na Ponta Grossa, e a gente ficou conversando, e ficamos, e quando deu por volta de meia-noite, já tinha dito a ela que ia para casa. Mas aí passou um carro, e fiquei cismado pela hora. Eu disse que ia embora, mas foi o tempo de ele arrodear a rua. Aí ele [Josevildo] voltou e já desceu do carro com arma na mão. Eu pensei que era assalto, aí fui entregar o celular a ele, mas ele não queria o celular, e apontou a arma para minha cara. Aí eu disse: olha o celular. Ai ele disse: não, eu quero que você vá para mala. Em nenhum momento ele olhou para o lado ou para trás, para saber se tinha alguém na rua", disse Agnísio, ao destacar ainda que conseguiu identificar o carro como um Voyage, mas sem definir a cor por estar escuro no momento da abordagem do ex-PM.
O caso - o crime ocorreu no dia 15 de outubro de 2019, numa mata localizada atrás da empresa Braskem, no bairro Pontal da Barra. Segundo os autos, Aparecida e Agnísio estavam na porta de casa, na Ponta Grossa, quando Josevildo, que trafegava pela região com seu veículo, se aproximou do casal e os rendeu utilizando uma arma de fogo. O réu ordenou que as vítimas entrassem no carro. Agnísio foi colocado na mala do veículo, enquanto que Aparecida foi colocada no banco do passageiro. Josevildo dirigiu até o Pontal da Barra. Ao chegar no local, o acusado, com a arma de fogo em punho, ordenou que Aparecida saísse do veículo e iniciou os atos de abuso sexual contra ela.
Após o estupro, o réu abriu a mala do veículo e ordenou que Agnísio saísse. Josevildo disparou duas vezes contra Agnísio, tendo um dos tiros acertado a vítima na nuca, que passou a se fingir de morto. Em seguida, o réu disparou duas vezes contra Aparecida, que morreu no local.
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