Acusado de matar a esposa a facadas em julho de 2022, o réu Alisson José Bezerra da Silva está sendo julgado nesta terça-feira (06), no Fórum da Capital, no Barro Duro. O juiz responsável pelo caso é Yulli Roter. Ao ser interrogado, ele confirmou ter matado a mulher, mas disse que não se lembrava como.
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Durante o julgamento, a irmã da vítima, Cleonice das Dores da Silva, disse ao assistente de acusação que Maria Aparecida da Silva Bezerra e os filhos tinham medo do marido. Ela contou que presenciou uma briga do casal dentro da residência onde moravam, causada pelo acúmulo de pratos na pia. Alisson teria entrado “quebrando tudo”.
Em outra vez, quando estavam a caminho do município de Santana do Mundaú, cidade natal delas, o homem chegou a colocá-la para fora do carro. Além disso, entre os relatos de violência contra os filhos, Cleonice citou uma vez em que ele bateu na filha apenas porque a menina escreveu o nome dela na poeira do carro.
Foto: Ascom/Ministério Público de Alagoas |
Segundo o Ministério Público, devido ao ciúme extremo do marido, ele mantinha um sistema de câmeras em casa, para vigiar a esposa, e também no escritório dela para ouvir as conversas de Aparecida com os clientes.
A irmã contou que a família nunca aceitou o relacionamento e quase nenhum parente frequentava a casa de Aparecida, porque ele impedia. Alisson era violento desde o início e os filhos não gostavam dele, pois eram acostumados a ouvi-lo chamando-a de “vagabunda” e outras ofensas.
Mesmo tendo se casado em 2015, no total, eles viveram juntos por 17 anos. Aparecida teria relatado à irmã que era dependente emocional do acusado e que sofreu ameaças e chantagens.
Alisson Bezerra está sendo julgado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e feminicídio).
Violência contra a sogra - De acordo com o depoimento da irmã da vítima, Alisson também não aceitava que a mãe dela morasse lá. A idosa tinha 87 anos e era diagnosticada com Alzheimer. Com raiva por isso, ele machucava a mulher e chegou a dar uma “ultimato” para a esposa, perguntando se queria continuar com a mãe ou colocá-la na rua. Aparecida teria passado uma semana com a mãe, porque foi proibida de ir para casa.
"Até a cuidadora da mãe, que morava no andar de baixo, era proibida de subir para casa deles. Para ir à casa da irmã, Aparecida tinha que estacionar o carro em um local longe, para que o marido não soubesse onde ela estava, uma vez que o carro era rastreado. A vítima confessou que tinha medo de ser assassinada, porque ele estava 'mais violento'”, diz o relato da irmã durante o julgamento.
Medo constante e traição - A testemunha contou ainda que três dias antes do feminicídio, Aparecida fugiu e conseguiu ir à casa da irmã. A mulher estava com os olhos inchados, mas não disse o porquê. Uma das filhas dela dizia que o relacionamento era tóxico.
O acusado tinha o hábito de ligar por chamada de vídeo a todo o momento para rastrear a esposa. A irmã contou que há anos não frequentava a casa deles e que descobriu que Alisson tinha outro relacionamento há cinco anos, mas preferiu não falar para Aparecida.
Cleonice acredita que a irmã morreu sem ter certeza da traição. No entanto, relatou que ela teria ouvido áudios de uma mulher para o marido, no qual a pessoa o chamava de “meu amor” e dizia que queria que ficassem juntos. Aparecida reproduziu as mensagens em uma caixa de som, o que o deixou indignado e, por isso, a agrediu.
Relembre o caso - Alisson matou a companheira a facadas no final da manhã do dia 21 de julho de 2022, em um conjunto residencial no bairro do Antares, na parte alta de Maceió. Maria Aparecida Bezerra, de 54 anos, foi morta com golpes de faca pelo marido, de 44 anos. A vítima já havia trabalhado como policial militar, mas tinha pedido baixa para se dedicar à advocacia.
No dia em que o crime ocorreu, Aparecida estava tentando levá-lo para um tratamento em uma clínica, uma vez homem estaria em profunda depressão. Houve discussão e ele a matou. O acusado ligou para uma tia, que foi ao local e o encontrou ao lado do corpo da vítima. Em seguida, Alisson desferiu, com duas facas peixeiras, ferimentos no próprio tórax e pescoço, mas sobreviveu e agora responde pelo crime.