O homem apontado como autor intelectual do sequestro, tortura e assassinato do empresário Henrique Ramos de Oliveira, de 24 anos, na cidade de Passo do Camaragibe, no Litoral Norte de Alagoas, em abril do ano passado, ganhou liberdade por decisão judicial na semana passada.
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A informação chegou ao TNH1 por meio da mãe da vítima, Vera Oliveira, que acompanha o processo à espera do julgamento e condenação do réu, identificado como José Aurélio Gomes, o “Zeca do Lero”, mas em vez disso, foi surpreendida com a decisão da soltura. O habeas corpus foi concedido pelo juiz Willamo Omena Lopes, que responde como substituto pela Comarca de Passo de Camaragibe.
“Essa decisão é contrária a todos os outros habeas corpus negados, inclusive junto ao Superior Tribunal de Justiça, e o argumento foi que o processo está lento. Passados um ano e dois meses da prisão, quando esperávamos a sentença, houve esse benefício para o réu. Não pretendo me calar, nem permitir que outras famílias venham a sofrer”, desabafou, em entrevista por telefone.
Líder de milícia
Em decisão do STJ no dia 5 de dezembro passado, ele teve o pedido de soltura negado, e entre os argumentos, a ministra relatora apontou que o réu "é bastante conhecido na região como responsável por diversos delitos" e "é tido como líder de uma milícia privada na região, agindo como se fosse um justiceiro".
A mãe lembra que o trabalho da Polícia Civil deu fortes indícios da participação do réu no crime, por isso ela não esperava a liberação. “Me causou bastante indignação porque o juiz fez isso embasado em alguma brecha da lei, mas nem toda medida legal é moral ou ética”, lamenta.
A investigação
De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual, ao qual o TNH1 teve acesso em agosto do ano passado, Henrique, que era do Rio de Janeiro e morava no interior de Alagoas para investir no ramo de gastronomia, teve a casa invadida por homens que portavam armas e vestes de uso da polícia e que se identificaram como policiais.
Ele estava com um amigo e funcionário, e ambos foram agredidos, ameaçados e retirados do local à força, mas só Henrique foi levado com os criminosos. Ele foi morto a tiros e o corpo foi encontrado dois dias depois, em uma mata na cidade vizinha de São Miguel dos Milagres.
De acordo com a investigação, “Zeca do Lero” teria ordenado o assassinato de Henrique porque é pai de uma adolescente com quem a vítima teria tido um relacionamento. Conforme os autos, o empresário teria "espalhado" na cidade que manteve relações sexuais com a jovem.
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