A Polícia Civil afirmou em coletiva neste sábado (5) que oito testemunhas já prestaram depoimento que esclarecem informações sobre o acidente de ônibus que matou 19 pessoas em João Molevade na tarde de sexta-feira. A investigação concluiu que um dos motoristas faleceu no local, mas o corpo não foi identificado pela perícia. O outro, que seria o maior mistério desde que ocorreu o acidente, não foi encontrado até o momento para contar a versão.
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O delegado Paulo Tavares, que comanda as investigaçõesdo ponto de vista criminal, disse que as oitivas feitas até o momento são imprecisas para se tomar qualquer conclusão do fato. A Polícia Civil de Minas Gerais está atuando em conjunto com a Polícia Civil dos Estados de São Paulo e Alagoas, de onde muitas das vítimas eram. Nos próximos dias, outras pessoas serão intimadas a prestar depoimento, como as vítimas que sobreviveram no desastre. A polícia mineira solicitou às corporações as fichas datiloscópicas para ajudar na análise mais precisa.
“Não podemos ser levianos de nos precipitar. Temos depoimentos de testemunhas e de vitimas de dentro do ônibus. Alguns depoimentos são esclarecedores, outros confusos. A parte técnica é a mais difícil, pois depende do emocional das pessoas”, afirmou o delegado.
Ele confirmou que o condutor do ônibus continua sendo o principal mistério das investigações. “Prefiro que essa palavra foragido não seja usada. Não existe mandado de prisão contra ele. Ele está desaparecido. Não se sabe o paradeiro dele. Mas o fato de ele ter abandonado o local de serviço, o próprio Código de Trânsito fala isso. Mas não vamos delinear fatos típicos agora, Vamos esperar a parte da perícia técnica e da investigação para fazer um desenho certo do fato”.
A lista de passageiros do veículo foi obtida através de levantamentodos investigadores. A empresa de ônibus teria fechado as portas e também será investigada por estar em situação irregular.
Ainda na coletiva, a perita criminal Daniella Rodrigues Caldas Leite esclareceu questões sobre a dinâmica do acidente. “O ônibus vinha em direção ascendente na ponte, e, de ré, colidindo primeiro a parte traseira, caiu de uma altura de 26 metros. Em seguida, com o impulso, o veículo girou e um novo choque, da parte dianteira, provocou a queda de 34,5 metros de altura em relação à ponte", explicou. O veículo está sendo periciado, assim como seu tacógrafo, que já foi inteiramente retirado. O laudo poderá apontar a velocidade do ônibus no momento do acidente e o que teria ocasionado a descida do veículo.
Quanto à identificação dos corpos, três já foram identificados. O superintendente de Polícia Técnico-Científica, Thales Bittencourt esclarece que, em casos de acidente, para o procedimento seguro, um dos métodos mais rápidos é pela comparação da impressão digital. Como as vítimas são nascidas em outros estados, as fichas datiloscópicas estão sendo solicitadas. “Estamos em contato com os institutos de identificação dos estados de Alagoas, Bahia, Santa Catarina e São Paulo a fim de que nos enviem as imagens para comparação e devida identificação”, detalhou.
Acolhimento às famílias
Uma força-tarefa foi montada para atendimento das famílias pela PCMG. Na Academia de Polícia Civil (Acadepol-MG), localizada na Rua Oscar Negrão de Lima, 200, bairro Nova Gameleira, em Belo Horizonte, profissionais de psicologia e assistência social estão recepcionando os familiares e prestando um serviço de acolhimento. Além disso, de acordo com a médica-legista Tatiana Telles e Koeler de Matos, a Polícia Civil conseguiu alimentação e hospedagem para os familiares aguardarem a identificação e liberação dos corpos. “Estamos acolhendo essas famílias de uma forma humana", reiterou.
As vítimas fatais
Das 19 vítimas fatais, 13 faleceram no local, e seis no hospital, sendo 18 adultos e um adolescente de 15 anos. Treze vítimas eram homens, e seis mulheres.
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