No meio político é comum se dizer que quem está no Executivo – prefeito, governador ou presidente da República – só perde eleição se fizer uma gestão muito ruim ou se for muito incompetente.
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Essa premissa passa pelas relações muitas vezes promíscuas entre o Executivo e o Legislativo, incluindo muitas vezes outras instituições, por critérios nem sempre muito republicanos.
A situação do presidente Lula (PT) é bem uma demonstração disso.
Eleito pela terceira vez para presidir o Brasil, por margem apertada de votos, assim que sua vitória foi proclamada recebeu a solidariedade do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), aliado do derrotado Jair Bolsonaro e um dos seus principais apoiadores durante a campanha.
Formalizada a aliança com o governo Lula, após a posse, Lira tem se transformado no principal interlocutor do presidente com o Congresso Nacional, assumindo um protagonismo raramente visto na República.
Tanto que são atribuídas ao presidente da Câmara as principais vitórias governistas no Legislativo até aqui.
Foi de Arthur Lira, dentre outros exemplos, a decisão de impedir a presença do ministro Rui Costa na CPI do MST, que tem (ou tinha) maioria da oposição.
Nesta quarta-feira, uma manobra do Centrão, liderado por Lira, fez partidos substituírem, na CPI do MST, alguns dos mais afoitos oposicionistas, dentre eles o deputado federal alagoano Alfredo Gaspar (União Brasil).
Estabeleceu-se, a partir daí, o esvaziamento da Comissão – pelo menos o sentimento oposicionista da maioria dos seus integrantes – com a implantação, mais uma vez, do “toma lá, dá”, em troca de cargo, liberação de emendas parlamentares e outras vantagens pessoais e políticas.
Nessa toada, o governo Lula vai caminhando a passos largos para se dar bem nas eleições municipais do próximo ano e nas de 2026 – quando estarão em disputa cargos de senador, deputado, governador e Presidente da República.
Quem sobreviver até lá verá, mais uma vez, a força do rolo compressor governamental.
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