Texto de Naian Lucas Lopes:
LEIA TAMBÉM
“Na última segunda-feira (28), o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) deliberou sobre uma série de resoluções, gerando destaque para a proibição de alianças com bolsonaristas nas eleições de 2024. A medida gerou debates internos acerca da estratégia política da legenda, com diferentes perspectivas entre as esferas federal, estadual e municipal.
A decisão de não permitir alianças com bolsonaristas no âmbito federal e estadual é vista como uma ação coerente pelos defensores da medida. No entanto, quando aplicada aos níveis municipais, tem suscitado críticas que apontam para uma suposta desconexão do partido com suas bases.
O PT é conhecido por possuir uma militância fiel, sendo que os candidatos do partido costumam contar com o apoio de seus eleitores tradicionais. Essa tradição de voto tem se mantido ao longo dos anos e é considerada um dos pilares da força eleitoral da sigla.
No entanto, desde as eleições de 2016, houve crescentes questionamentos dentro da legenda sobre a perda de contato com suas bases, especialmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. O episódio marcante do discurso do cantor Mano Brown, em apoio a Fernando Haddad em 2018, expôs essa tensão entre lideranças nacionais e bases locais.
A discussão sobre candidaturas municipais tem revelado divergências. Nas grandes metrópoles, o PT apresenta estratégias definidas, seja com candidaturas próprias, em vice ou em coligações. Entretanto, essa coesão não se estende igualmente às cidades menores.
Principalmente em municípios pequenos, diretórios municipais do PT têm expressado frustrações quanto à falta de apoio dos escalões superiores do partido para enfrentar candidatos bolsonaristas. Alguns líderes locais relatam a necessidade de negociação com bolsonaristas para se manterem relevantes no debate político regional.
Um dos pontos de tensão diz respeito ao financiamento partidário, com observações de que o fundo partidário muitas vezes depende do agronegócio, que, por sua vez, tende a ter inclinações bolsonaristas. Para competir efetivamente, líderes locais sentem a necessidade de buscar entendimentos com essa parcela do eleitorado.
A discussão sobre as alianças tem sido abordada com um viés pragmático. Muitos líderes petistas argumentam que a realidade das esferas municipal e federal difere substancialmente, e que a necessidade de buscar apoio até mesmo entre bolsonaristas em âmbito municipal é uma estratégia necessária para manter a força do partido nas regiões e preparar-se para futuros embates eleitorais.
Em resumo, a decisão do PT de proibir alianças com bolsonaristas nas eleições de 2024 tem gerado divisões internas, refletindo um debate mais amplo sobre a relação do partido com suas bases e a estratégia eleitoral a ser adotada nos diversos níveis de governo.”
LEIA MAIS
+Lidas