Os brasileiros só terão o 5G puro, o chamado standalone, a partir de julho do próximo ano, começando pelas capitais.
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Estimativas iniciais de uma das operadoras indicam que esses planos custarão mais caro do que o 4G, com preços de ao menos R$ 250 por mês para faturas pós-pagas e com restrição de uso de dados.
Nesse patamar, o 5G nacional seguirá os preços internacionais até que a massificação do serviço derrube o preço dos chips e dos aparelhos, hoje as principais barreiras de acesso ao serviço.
A expectativa das operadoras é chegar a 500 milhões de acessos em três anos entre assinantes residenciais e empresariais.
Enquanto isso não ocorre, as operadoras planejam migrar os clientes que hoje utilizam a tecnologia 4G para o chamado 5G DSS, um serviço que utiliza as frequências atuais do 4G para atingir velocidades de 5G com latência (tempo de resposta entre a comunicação do celular com as antenas) pequena. Neste processo, o preço deverá permanecer o mesmo.
Recentemente, o presidente da Tim, Pietro Labriola, disse que a estratégia comercial da operadora seguirá a dinâmica de preços da Uber.
"Quando você usa [a Uber], tem o Uber Black e outros níveis", disse. "O preço é relacionado com o nível de serviço."
Labriola afirmou que os pacotes com uso ilimitado de dados estão com dias contados no 5G. "Em outros países os pacotes de uso ilimitado [no 5G] existem, mas são restritos."
Inicialmente, caberá às empresas o papel de expandir o consumo do 5G, diferentemente do que ocorreu com as tecnologias anteriores (3G e 4G).
Executivos da Claro e da Vivo são unânimes em afirmar que a largada inicial do 5G -que levará à queda do preço para os demais usuários- ocorrerá por meio das empresas, que já planejam formas de modernizar suas atividades por meio da nova tecnologia.
O agronegócio e a indústria devem puxar a fila dos principais consumidores da nova tecnologia.
Devido à baixa latência e altas velocidades na rede standalone, que será construída exclusivamente para o 5G, indústrias poderão automatizar suas plantas, novos aplicativos, e soluções virão para os serviços de logística e transporte.
Na agricultura, produtores poderão ter aplicativos que, a partir de sensores no solo, dirão quais áreas cultivadas precisam de adubo ou água, o que aumentará a produtividade reduzindo custos. Drones sobrevoarão a lavoura para estimar a produção por meio de imagens, garantindo previsibilidade para a safra e antecipando a formação de preços no mercado.
As cidades poderão ter sistemas de controle de água, luz, saneamento e tráfego controlados remotamente. Veículos poderão ser teleguiados.
Prefeituras já miram esse tipo de solução. Em Curitiba, o prefeito Rafael Grecca cogita usar uma parceria com a Abdi (Agência Brasileira de Desenvolvimento em Inovação) para projetar soluções inteligentes de controle de semáforos. O tempo de espera respeitaria a movimentação de veículos em cada via e não mais por tempo previamente definido.
Serviços médicos, incluindo cirurgias, poderão ser prestados a distância. O acesso à educação de ponta poderá ser feito via internet de qualquer local do país por meio de aulas ou cursos a distância.
É essa a revolução prometida pelo 5G que deverá, segundo estudo da Omni, consultoria especializada em telecomunicações, fazer catapultar o PIB do Brasil em R$ 6,5 trilhões até 2030 caso todas as funcionalidades da tecnologia de quinta geração sejam implementadas no país.
Não por outro motivo, Tim, Claro e Vivo adquiriram, no leilão ocorrido em novembro, frequências de 26 GHz (gigahertz) para fazer testes com serviços voltados ao agronegócio, principalmente no Centro-Oeste, e indústrias, nas regiões metropolitanas.
Frequências são avenidas por onde as teles fazem trafegar seus sinais. Fora delas ocorrem interferências. No leilão do 5G, realizado em novembro, dez operadoras adquiriram licenças nas faixas de 700 MHz ( megahertz); 2,3, 3,5 e 26 GHz por cerca de R$ 47 bilhões. Pagarão para a União, no entanto, cerca de R$ 5 bilhões, descontando investimentos obrigatórios na conexão de todas as localidades com a telefonia 4G.
Além das três grandes do setor (Vivo, Claro e Tim), outros grupos locais arremataram frequências. Muitos planejam oferecer conexão para pequenos provedores locais e empresas regionais que pretendem entregar soluções de automação industrial em suas áreas de abrangência.
Para isso terão de construir redes novas. Tim, Vivo e Claro estimam investir mais de R$ 150 bilhões na construção de suas redes 5G nos próximos oito anos. Isso sem contar os cerca de R$ 40 bilhões em investimentos obrigatórios impostos pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) na massificação do 4G em todo o país.
"O 5G irá se difundir na sociedade pelos smartphones e pelas inúmeras aplicações no tecido produtivo", diz Marcos Ferrari, presidente da Conéxis, associação que reúne as operadoras. "A sua massificação se dará por meio de elevados investimentos e o cumprimento de obrigações do edital, que virão principalmente das empresas consolidadas no mercado, como tem ocorrido nos países que já iniciaram a implantação do 5G."
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