Zero no Enem para garoto com hidrocefalia acende debate sobre educação inclusiva

Publicado em 17/01/2016, às 10h43

Redação

Após o episódio do estudante alagoano Luís Felipe, portador de hidrocefalia que tirou zero na redação do Enem, ganhar destaque na imprensa, a discussão sobre a situação do ensino inclusivo passou a ser debatida e levantou várias questões relacionadas às reais condições enfrentadas por pessoas com necessidades especiais que decidem estudar.

LEIA TAMBÉM

O desabafo da mãe de Luis, onde ela dizia que a nota zero tirada na prova de redação do último ENEM pelo jovem tinha sido "desumana", tocou a muitos e expôs as dificuldades em se obter o direito e acesso ao mínimo de condições para que essas pessoas frequentem a escola. 

Há pouco mais de 10 anos, o sistema educacional brasileiro abrigava dois tipos de serviços: a escola regular e a escola especial - ou o aluno frequentava uma, ou a outra. Na última década, no entanto, o sistema escolar modificou-se com a proposta inclusiva e um único tipo de escola foi adotado: a regular, que acolhe todos os alunos, apresenta meios e recursos adequados e oferece apoio àqueles que encontram barreiras para a aprendizagem.

A inclusão, no entanto, parece acontecer de maneira lenta. "Ainda estamos longe de ter uma educação inclusiva que funcione de verdade em Alagoas", afirma a pedagoga Maria Dieldja Venâncio de Oliveira Omena. "A dificuldade começa com o despreparo dos professores e vai até a falta de estrutura, principalmente do Ensino Público", explicou.

A Educação inclusivacompreende a Educação especial dentro da escola "normal", transformando o ambiente em um espaço acessível a todos. Ela favorece a diversidade na medida em que considera que todos os alunos podem ter necessidades especiais em algum momento de sua vida.

"Pessoas com necessidades especiais ligadas a limitação mental carecem de acompanhamento e avaliação especializadas, além da presença constante de um auxiliar de disciplina, que ajudará no aprendizado", observou Maria Diedja.

O Governo Federal, por sua vez, promove cursos de especialização e agrega um incentivo financeiro aos professores que decidem se aprimorar na área. "Mesmo assim, muitos se recusam a oportunidade com a justificativa de que não vale a pena financeiramente", observou a pedagoga.

Em contato com uma professora que leciona na rede estadual, que teve sua identidade preservada pelo TNH1, a docente explicou que sua profissão já é cansativa, por natureza. "Isso só iria nos sobrecarregar ainda mais, e sinceramente, não vale a pena", opinou a docente.

Zero no Enem para garoto com hidrocefalia acende debate sobre educação inclusiva
Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Pré-matrícula online oferta 10 mil vagas para novos alunos da rede pública de Maceió Resultado da matrícula online será divulgado neste sábado (11) Sesc abre inscrições para projeto de educação ampliada e EJA Ifal tem vagas em cursos técnicos de Enfermagem, Química e Segurança do Trabalho