Livia Camilo / Folhapress
Os bastidores da reunião que iria votar o impeachment do presidente Augusto Melo, do Corinthians, foram nervosos.
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BRIGA NA REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA - Logo após a abertura da sessão, noite da última segunda-feira (20), houve uma briga entre Augusto Melo e Romeu Tuma Jr., presidente do CD. A confusão começou após o mandatário do clube questionar o uso do voto por aclamação para considerar a admissibilidade do processo de impeachment.
Houve troca de ofensas e, na sequência, uma balbúrdia generalizada. Conselheiros e diretores do clube foram até a mesa onde o estava o presidente do Conselho para questionar a decisão. Por fim, Tuma optou por realizar uma votação secreta para garantir a continuidade ou não da reunião.
O resultado foi apertado, com 126 votos a favor da admissibilidade do impeachment e 114 contrários. No entanto, muitos conselheiros deixaram a reunião logo após a primeira votação por conta do calor no mini ginásio do PSG e do cansaço devido ao horário avançado. A suspensão da reunião foi definida apenas às 23h30 (de Brasília).
Augusto Melo chegou a chamar Tuma de "ditador" por conta da decisão. Em sua defesa, o presidente do CD afirmou que o estatuto prevê três tipos de votação para a admissibilidade: secreto, nominal ou por aclamação.
"Tive a tranquilidade de verificar que o voto sim para a continuidade do processo foi manifestado com muito mais ênfase do que o não. Como houve dúvida e o presidente perdeu a cabeça na hora, lá em cima da mesa do Conselho, suspendi a reunião. Resolvi refazer a votação para não ficar nenhuma dúvida, justamente ao contrário do que fui acusado de ser ditador", disse Romeu Tuma Jr., em coletiva de imprensa.
AGRESSÃO E INTIMIDAÇÕES - Membros do Conselho Deliberativo (CD) e ex-diretores do clube foram hostilizados por torcedores no Parque São Jorge. Romeu Tuma Jr., presidente do Conselho Deliberativo do Timão, e Rubens Gomes, o Rubão, ex-diretor de futebol, foram os principais alvos da torcida.
Houve até um conselheiro agredido na saída da sede do clube social, logo após a votação de admissibilidade da pauta de impeachment. Sergio Janikian, ex-diretor adjunto de futebol em 2015, ficou com marcas após receber tapas e socos.
Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo do Timão, e Armando Mendonça, 2º vice-presidente, foram hostilizados pelos mesmos torcedores infiltrados no PSJ.
SAÍDA PELOS FUNDOS - Romeu Tuma precisou deixar o local por uma saída alternativa, por conta da aglomeração de torcedores e membros da cúpula de organizadas dentro das dependências do PSJ.
O presidente do CD foi ameaçado de morte por membros de torcidas organizadas que se concentraram na rua paralela da sede social do Timão. Rubão também precisou deixar o PSJ pela portaria dos fundos.
"Tenho tido muitas ameaças, tenho inquérito apurando, minhas filhas tem sentido isso, gestos de violência. Recentemente uma filha minha foi ameaçada, inclusive tiveram que buscá-la na escola. Eu sinto não só pela minha segurança, mas da minha família e de vários conselheiros. Inclusive, um foi agredido lá fora, isso é muito preocupante, então acho que a Polícia tem que tomar providência, o Ministério Público."
"Precisa acabar com isso no futebol. As pessoas não podem mais ser intimidadas, sofrer agressão, violência, por conta de questões políticas internas. Isso precisa acabar, é uma vergonha. Onde vamos chegar com isso? Por que no basquete não tem isso? No vôlei? Precisa acabar com isso, o futebol vai acabar se isso continuar. É inadmissível o que está acontecendo", falou Romeu Tuma Jr..
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