Yala Sena / Folhapress
A Justiça do Piauí determinou nesta segunda-feira (13) a soltura de Lucélia Maria da Conceição, 52, que foi presa suspeita de envenenar os irmãos Ulisses Gabriel da Silva, 8, e João Miguel da Silva, 7, em Parnaíba (PI), em agosto do ano passado.
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Lucélia Maria era vizinha dos garotos e foi presa pela Polícia Civil acusada de ter envenenado os irmãos com cajus. Durante a prisão, ela teve a casa incendiada e foi ameaçada de morte.
Por questão de segurança, ela foi encaminhada a Teresina e estava no presídio feminino da capital piauiense.
A liberdade da vizinha foi determinada pela juíza Maria do Perpétuo Socorro Ivani Vasconcelos, da 1ª Vara Criminal de Parnaíba, após receber laudo que aponta que os meninos não foram envenenados com cajus. A perícia final revela que a fruta consumida pelos irmãos não tinha substância tóxica.
"Desde o início estamos defendendo a negativa de autoria de Lucélia Maria da Conceição, que a investigação é deficitária e o laudo definitivo mostra a cristalina inocência dela, já que os cajus não foram envenenados. Ela foi presa com prova subjetiva, circunstancial com informações rasas", disse o advogado Sammai Cavalcante, que faz a defesa de Lucélia.
A reviravolta no caso aconteceu na última quarta-feira (8) com a prisão de Francisco de Assis Pereira da Costa, 53, que é apontado como suspeito de envenenar oito pessoas, entre familiares e vizinhos no dia 1º de janeiro.
As pessoas envenenadas e mortas são mãe, tio e dois irmãos dos garotos intoxicados em agosto. Os meninos moravam na mesma casa das vítimas.
Francisco de Assis é casado com a avó das crianças mortas e padrasto da mãe dos garotos. Ele nega autoria do crime.
Caso será reaberto, diz delegado - O delegado Abimael Silva afirmou à Folha de S.Paulo que o caso do envenenamento dos irmãos será reaberto pela Delegacia de Homicídios de Parnaíba, que já apura a intoxicação das oitos pessoas com registro de quatro mortes.
A conclusão do primeiro inquérito dos irmãos envenenados foi feita pela Delegacia de Proteção à Mulher e Grupos Vulneráveis de Parnaíba.
"Vamos responder os questionamentos do Ministério Público, solicitar novas perícias e testemunhas. A Lucélia Maria conseguiu a liberdade, mas ela continua como responsável pela ação penal, já que o veneno achado no quarto dela é o mesmo encontrado no estômago dos irmãos e ela afirmou em interrogatório que envenenava cajus para matar morcegos", disse o delegado.
No dia 23 deste mês, haverá uma audiência para ouvir Lucélia Maria e novas testemunhas.
No envenenamento que levou às mortes de quatro pessoas em janeiro, o delegado disse que aguarda laudo no sangue das vítimas para a conclusão do inquérito.
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