João Arthur Sampaio
Uma tragédia tomou conta dos noticiários na manhã dessa quinta-feira (16), em Maceió. Adriano Damásio Lopes, de 44 anos, um turista de Brasília que visitava a capital alagoana pela segunda vez, morreu durante um incêndio em um hotel no bairro da Pajuçara. Ele, que era policial militar do Distrito Federal, veio passar uma semana de férias com a esposa Estefanie Fernandes, a filha dele de 10 anos e a sogra, Eliene.
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A região amanheceu agitada com sirenes de ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e de viaturas do Corpo de Bombeiros, para socorrer os hóspedes que estavam no local. O sexto andar do prédio, área onde o fogo começou, permaneceu evacuado. A Defesa Civil de Maceió, os bombeiros e o Instituto de Criminalística realizaram a perícia ainda de manhã.
Adriano morreu após inalar muita fumaça, enquanto tentava ajudar no socorro das outras pessoas que estavam hospedadas no estabelecimento, pois estava sem equipamento de proteção individual (EPI). Ele ainda chegou a ser levado pelo Samu ao HGE (Hospital Geral do Estado), mas não resistiu.
Veja o que se sabe sobre o caso até agora
Polícia ouve testemunhas - A Polícia Civil de Alagoas iniciou as investigações do caso no mesmo dia. A delegada Luci Mônica, responsável pelo inquérito, ouviu dois funcionários do hotel, Estefanie e alguns turistas que estavam hospedados no local. As oitivas com os representantes do estabelecimento foram agendadas para semana que vem, em data a ser definida. A polícia também solicitou os alvarás e os demais documentos necessários para atestar que o lugar estava funcionando dentro das condições ideais.
Pane em ar-condicionado seria a causa - O incêndio que aconteceu no sexto andar de um hotel no bairro da Pajuçara, parte baixa de Maceió, teria sido provocado por uma pane no ar-condicionado de um dos quartos. A informação foi repassada pela delegada em entrevista à repórter Mônica Ermírio, da TV Pajuçara.
“É o que dá para supor com o que vimos até agora. Já teria ocorrido um problema neste local. Isso porque, às 23h, um hóspede pediu para sair deste dormitório, dizendo que o aparelho não estaria funcionando. Então ele foi transferido para outro quarto. O incêndio aconteceu às 4h30. A gente ainda não sabe se o ar-condicionado ficou ligado ou não. Somente os laudos vão confirmar”, explicou Luci Mônica.
O dia antes da tragédia - Em entrevista à Rádio Pajuçara FM, a sogra contou que eles chegaram na quinta-feira passada e iriam pegar a estrada para Brasília no dia do incêndio, porque vieram de carro. “O nosso último dia [ontem] foi maravilhoso, fizemos alguns passeios e fechamos a viagem com chave de ouro”, relembrou Eliene.
Ela contou que a família jantou em um local próximo ao hotel, porque a intenção era dormir cedo, uma vez que teriam que acordar nas primeiras horas da manhã de hoje para irem embora. “Coloquei o despertador no celular e fomos dormir. Estávamos os quatro no mesmo quarto”.
Cheiro de fumaça - Eliene, que disse ter sono leve, acordou sentindo cheiro de fumaça. “Pensei que era o celular, avisei ao Adriano e ele mandou tirar da tomada. Mas não passou. Quando abriu a porta, a fumaça entrou no quarto. Foi terrível. Nunca passei por uma situação dessas”.
Em imagens enviadas ao TNH1, é possível ver as marcas das chamas no corredor do andar que o incêndio teve início, o sexto. Além disso, um bombeiro narra que a mulher teria encontrado a saída pelas escadas, enquanto o policial passou direto e entrou em outro quarto.
Rota de fuga - A esposa de Adriano é brigadista, por isso, na hora de sair do hotel, ela sabia o que fazer. Estefanie usou toalhas molhadas para cobrir os rostos dela e dos familiares e sinalizou a saída de emergência com o celular. Ela conseguiu retirar a mãe e a filha do local, mas ainda voltou para ajudar outras pessoas juntamente ao marido.
Adriano teria quebrado algumas janelas do prédio, em uma tentativa de fazer com que o ar circulasse. Ele foi encontrado desmaiado pelos bombeiros no quarto 603. Toda família estava hospedada no 613.
IML libera corpo de PM - Em nota, o IML (Instituto Médico Legal) informou que o corpo de Adriano já foi liberado e pode ser levado de volta ao Distrito Federal, para que a família possa realizar o velório e o sepultamento do policial.
Governador do DF garante assistência à família - O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, usou as redes sociais para publicar uma mensagem em homenagem ao PM de Brasília.
Ibaneis garantiu “todo apoio necessário” à família da vítima. “Em breve, estaremos publicando esse ato de bravura feito pelo nosso querido policial militar. Então fica aí esse registro e já foi pedido à comandante, Ana Paula, que desse toda assistência à família e que providencie o mais rápido possível o traslado do corpo”, disse em vídeo.
Na legenda, o chefe do Executivo do DF lamentou o falecimento e disse que Adriano “agiu com destemor e heroísmo, honrando a instituição a qual pertencia e deixando um legado de humanidade que será eternamente lembrado”.
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