Viver +

Veja as frutas que podem aumentar ou diminuir risco de diabetes em crianças

| 10/09/24 - 14h09
| Foto: Foto: Reprodução/Pixabay

A alimentação é um dos fatores que influenciam no maior ou no menor risco de desenvolver diabetes. Nesse sentido, um novo estudo mostrou quais alimentos podem aumentar o risco do tipo 1 da doença, quando consumidos na infância, e quais podem prevenir a condição. As descobertas foram apresentadas na reunião anual da European Association for the Study of Diabetes (EASD), que está acontecendo em Madri, na Espanha, entre os dias 9 e 13 de setembro.

O diabetes é uma doença caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue, podendo se desenvolver por meio de fatores genéticos, biológicos e ambientais. A condição é classificada em diabetes tipo 1 — em que o organismo perde sua capacidade de metabolizar a glicose e, geralmente, acomete crianças e adolescentes — e em diabetes tipo 2 — caracterizada pela resistência da insulina, se apresenta de maneira gradativa e é mais comum em adultos com hábitos inadequados que resultam no excesso de peso, dislipidemia (gorduras no sangue) e hipertensão.

No diabetes tipo 1, o sistema imunológico ataca e destrói as células produtoras de insulina no pâncreas, impedindo que o corpo produza o hormônio em quantidades suficientes para regular os níveis de açúcar no sangue. A causa para o desenvolvimento da doença ainda é desconhecida, mas cientistas acreditam que haja uma combinação de predisposição genética e gatilho ambiental, como um vírus ou a alimentação.

Vários alimentos já foram associados à autoimunidade das células produtoras de insulina e ao diabetes tipo 1, mas ainda faltam evidências de alta qualidade que reforcem esses achados. Diante disso, os pesquisadores do atual estudo exploraram como a dieta na infância poderia estar associada ao desenvolvimento da doença em milhares de crianças na Finlândia.

Publicidade

Para isso, eles acompanharam 5.674 crianças (3.010 meninos e 2.664 meninas) com suscetibilidade genética ao diabetes tipo 1, desde o nascimento até os seis anos. Os registros alimentares foram preenchidos pelos pais repetidamente dos três meses aos seis anos e foram importantes para fornecer informações sobre toda a dieta.

Aos seis anos, 94 das crianças do estudo desenvolveram diabetes tipo 1. Outras 206 desenvolveram autoimunidade das células produtoras de insulina e, portanto, estavam em risco substancialmente maior de desenvolver a doença nos próximos anos.

Segundo os pesquisadores, quanto mais frutas, aveia ou centeio as crianças comiam, maior o risco de diabetes tipo 1. Em contraste, comer morangos, mirtilos, framboesas, groselhas negras e outras frutas vermelhas pode fornecer proteção contra o diabetes tipo 1.

“As frutas vermelhas são particularmente ricas em polifenóis, compostos vegetais que podem atenuar a inflamação associada ao desenvolvimento do diabetes tipo 1”, explica a professora Suvi Virtanen, do Instituto Finlandês de Saúde e Bem-Estar, em Helsinque, Finlândia, que liderou a pesquisa, em comunicado à imprensa.

“Por outro lado, as frutas podem conter substâncias nocivas que não ocorrem nas frutas vermelhas. Por exemplo, as frutas vermelhas podem estar livres de pesticidas encontrados em outras frutas”, completa. Além das frutas vermelhas, verduras e vegetais como brócolis, couve-flor e repolho foram associados a um risco reduzido de diabetes tipo 1.

Entre os alimentos que, de acordo com o estudo, foram associados a um maior risco da doença, estavam a aveia, banana, produtos lácteos fermentados (como iogurtes) e trigo. Segundo os pesquisadores, todas as associações entre os alimentos e diabetes tipo 1 foram independentes, ou seja, ocorreram independentemente de outros alimentos ingeridos.

No entanto, ainda é cedo para fazer novas recomendações alimentares para crianças com risco de diabetes tipo 1. “Muitos alimentos que descobrimos estarem associados ao aumento do risco de diabetes tipo 1 e ao processo da doença são considerados parte de uma dieta saudável e é importante que nossos resultados sejam replicados em outros estudos antes que alguém considere fazer mudanças na dieta de seus filhos”, afirma Virtanen.