Vazam conversas que indicam participação de jogador da Série A em esquema de apostas

Publicado em 09/05/2023, às 08h56
Rafael Ribeiro/CBF -

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A revista Veja revelou nesta segunda-feira conversas entre Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos, e um apostador envolvido com a quadrilha investigada por manipular jogos do futebol brasileiro.

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O defensor, segundo o Ministério Público, teria recebido R$ 50 mil para levar cartão amarelo no empate entre Santos e Avaí, pelo Brasileirão do ano passado, mas não foi advertido. Ele teve uma conversa antes da partida e foi cobrado por ter terminado o jogo sem a punição.

Veja a transcrição da conversa:

Foto: Raul Baretta/Santos FC

Como já tinha recebido o dinheiro e não cumpriu o esperado pelo apostador, o zagueiro do Santos aceitou outra aposta: seria expulso no jogo seguinte, contra o Botafogo. Ele de fato recebeu o cartão vermelho, mas após o término da partida, o que irritou novamente o apostador.

O Santos afirmou que não vai se pronunciar sobre o caso de Eduardo Bauermann até conversar com o jogador, o que está previsto para ocorrer nesta terça-feira.

Em contato com o ge, o empresário Luiz Taveira, citado por Bauermann em uma das mensagens, disse que nunca realizou apostas, reforçou a confiança no jogador e garantiu que não sabia que o atleta havia sido procurado por apostadores.

Entenda o caso - O Ministério Público de Goiás fez uma nova denúncia sobre manipulação de jogos no futebol brasileiro. Estão sob investigação partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022, além de confrontos dos estaduais que aconteceram neste ano.

As informações foram publicadas pela Veja. São pelo menos 20 partidas sendo analisadas pelo MP. A nova denúncia ainda não teve resposta da Justiça, mas foi feita a partir da busca e apreensão de equipamentos em fases anteriores da Operação Penalidade Máxima.

Os clubes e casas de apostas são tratados como vítimas.

Os casos investigados envolvem apostas para lances como punições com cartões amarelo ou vermelho e cometer pênaltis. Bruno Lopez de Moura, apostador que havia sido detido na primeira fase da operação, é visto pelo MP como líder da quadrilha no esquema de manipulação de resultados. Outras 16 pessoas podem virar réus no caso.

Na fase anterior da operação, alguns jogadores foram alvos de uma operação de busca e apreensão: os zagueiros Victor Ramos, da Chapecoense, Kevin Lomónaco, do Bragantino, Paulo Miranda, ex-Juventude, e Eduardo Bauermann, do Santos, os laterais-esquerdos Igor Cariús, do Sport, e Moraes, ex-Juventude e hoje no Atlético-GO, e o meia Gabriel Tota, ex-Juventude e atualmente no Ypiranga-RS.

Na fase atual, foram adicionados os nomes dos volantes Fernando Neto, ex-Operário-PR e hoje no São Bernardo, e Nikolas, do Novo Hamburgo-RS, e do atacante Jarro Pedroso, do Inter-SM.

O MP-GO pede a condenação do grupo envolvido na manipulação, além do ressarcimento de R$ 2 milhões aos cofres públicos por danos morais coletivos, ainda segundo a Veja.

Entre os detalhes obtidos nesta investigação do MP-GO estão os valores oferecidos para que os jogadores fizessem os atos previstos nas apostas. Veja abaixo quais são:

R$ 100 mil para corromper atletas - Segundo o MP, o grupo criminoso cooptava jogadores com ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que cometessem lances específicos nos jogos, como um número determinado de faltas, levar cartão amarelo, garantir um número específico de escanteios para um dos lados e até atuar para a derrota do próprio time.

Diante dos resultados previamente combinados, os apostadores obtinham lucros altos em diversos sites de apostas – ou diretamente, ou por meio de laranjas.

O que é a operação Penalidade Máxima? As investigações começaram no final do ano passado, depois que o volante Romário, do Vila Nova-GO, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport pelo Campeonato Brasileiro da Série B. Ele recebeu um sinal de R$ 10 mil, e só teria os demais R$ 140 mil após a partida. Como não foi relacionado, tentou cooptar colegas de time – sem sucesso.

A história então vazou e o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, ele próprio um policial militar, investigou o caso e entregou as provas para o Ministério Público de Goiás. A primeira denúncia, feita há dois meses, indicava que havia três jogos suspeitos na Série B do ano passado. Mas, como o ge publicou, havia a suspeita de muito mais jogos, em várias competições, o que faria a operação se tornar nacional. Foi o que aconteceu. As suspeitas agora chegaram à Série A.

Oito jogadores de diferentes clubes foram denunciados pelo Ministério Público e viraram réus por participarem do suposto esquema.

São eles: Romário (ex-Vila Nova), Joseph (Tombense), Mateusinho (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Cuiabá), Gabriel Domingos (Vila Nova), Allan Godói (Sampaio Corrêa), André Queixo (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Ituano), Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã) e Paulo Sérgio (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário-PR).

Eles estariam envolvidos no esquema de cometer pênaltis no primeiro tempo dos jogos Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina. Isso só não aconteceu na partida entre goianos e pernambucanos, já que Romário e Gabriel Domingos não jogaram.

Joseph cometeu o pênalti em Criciúma x Tombense, e Mateusinho o fez em Sampaio Corrêa x Londrina. Os demais atletas do Sampaio citados, segundo o MP-GO, estavam cientes e participaram de alguma forma.

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