Redação
Em campo, o placar final da partida entre CRB e Vitória foi de 0 x 0, no último sábado, dia 24, no Estádio Rei Pelé, pela Série B do Brasileiro. Mas na arquibancada, ao menos para a torcida visitante, a nota para a experiência no maior templo do futebol alagoano pode ter sido a mesma do placar final do jogo.
Na Bahia, torcedores e imprensa local fizeram algumas denúncias depois da partida. No site Arena Rubro Negra, vinculado ao portal Aratu Online, a denúncia é de que a diretoria do CRB infringiu o Regulamento Geral das Competições da CBF, que em seu Capítulo VII, sobre Disposições financeiras, no Artigo 84/2º, diz que “Os preços dos ingressos para a torcida visitante deverão ter necessariamente os mesmo valores dos ingressos para a torcida local, quando referidos aos mesmos setores do estádio ou equivalente”.
Porém, não foi isso o que aconteceu no Estádio Rei Pelé. Segundo a denúncia, o CRB vendeu os bilhetes para a torcida visitante por R$ 60 no setor de arquibancada alta. Já para a torcida da casa, no mesmo setor, o CRB venceu por R$ 30, apesar de que divulga em seu site que o valor é R$ 60, mas de forma ‘promocional’, vende seus ingressos pela metade do valor anunciado sem distinguir se é bilhete para inteira, estudantes ou idosos, para todos os setores.
Outro detalhe na denúncia é de que a diretoria do CRB fez uma promoção em que mulheres vestidas de vermelho ou branco entrariam de graça. A promoção, que poderia valer também para os visitantes, não aconteceu. Segundo os torcedores do Vitória, as mulheres também tiveram que pagar o valor de R$ 60, e somente depois de uma negociação com a Polícia Militar, é que parte das mulheres entrou no Rei Pelé sem pagar ingresso, conforme a promoção.
O TNH1 tentou contato com Humberto Campos, o Betinho, que é diretor financeiro do CRB e principal responsável pela comercialização dos ingressos, bem como pelo borderô das partidas. Porém, numa primeira tentativa de contato, seu telefone apenas chamou. Em novas tentativas seguintes, seu telefone ficou desligado. A reportagem também entrou em contato com Júnior de Melo, assessor de imprensa do CRB, mas ele informou que só quem poderia se pronunciar sobre o assunto era Humberto Campos.
A diretoria regatiana também não passou nenhuma informação sobre ingressos para a torcida visitante nem no site oficial e nem nas redes sociais do clube, quando divulgou o início da vendagem sobre os bilhetes no dia 21 de outubro.
Outro ponto que chama atenção é o Artigo 24 do Estatuto do Torcedor, em que “É direito do torcedor partícipe que conste no ingresso o preço pago por ele”. No inciso 1 do artigo, o Estatuto do Torcedor determina que “Os valores estampados nos ingressos destinados a um mesmo setor do estádio não poderão ser diferentes entre si, nem daqueles divulgados antes da partida pela entidade detentora do mando de jogo”.
Ainda no artigo, os torcedores do Vitória reclamaram da estrutura do Estádio Rei Pelé. Entre outros pontos está o da falta de catracas eletrônicas modernas. O Ministério Público de Alagoas, no final do ano passado, solicitou interdição do Rei Pelé por falta de estrutura, como justamente o da falta de catracas modernas, mas acordos aconteceram e o assunto deixou de ficar em evidência.
Confira as reclamações da torcida do Vitória, publicadas na imprensa baiana:
Abandonado, Rei Pelé é vítima de quem atrasa o futebol alagoano
O tratamento que recebeu o torcedor do Vitória que se deslocou até Maceió para acompanhar a partida do rubro-negro contra o CRB diz muito sobre a atual situação de atraso e limitação do futebol alagoano.
A primeira grande prova disso foi quanto ao preço dos ingressos, antes divulgados pela equipe regatiana (veja aqui) no valor de R$ 30 inteira e R$15 meia, depois praticados a absurdos R$ 60 preço único somente aos visitantes.
Só para se ter uma ideia, haviam na bilheteria torcedores indignados mostrando os seus tickets de entrada em estádios como o Castelão (CE) e Maracanã (RJ), onde assistiram jogos do Vitória contra os times locais pagando somente R$ 10.
Se não fosse o bastante, a promoção que garantia acesso gratuito de mulheres no Rei Pelé também se limitou à torcida local, tendo os rubro-negros que apelar à Polícia Militar para negociar – com muito esforço – a entrada. Só algumas conseguiram.
O estádio, por sinal, aparenta ter sido pincelado para mostrar boa conservação nas telas da televisão. Após uma suposta reforma, só o que se vê de reparado por lá é o gramado e as redes. Pelé deve ter vergonha.
A maior praça esportiva do estado de Alagoas tem a fachada deteriorada, catracas de acesso arcaicas, estrutura amedrontadora, arquibancadas sujas, cadeiras quebradas… lembra de perto a situação da Fonte Nova antes da tragédia que decretou o seu fechamento.
Talvez pelas práticas oportunistas e pelo descaso com o seu futebol a Federação Alagoana de Futebol tenha que se contentar com o baixo rendimento de seus times nas competições que disputam, seja a nível nacional ou até mesmo local.
Essa postura contrasta com a vocação turística de Maceió, com a harmônica e agradável hospitalidade de seu povo, mas se assemelha às práticas sujas de seus principais representantes políticos em Brasilia, os senadores Renan Calheiros e Fernando Collor de Mello.
Diante do quadro, sinto dizer que por algum momento a campanha #AvanteNordeste perdeu o seu sentido.
Clique aqui para conferir a denúncia no site.
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- Confira o Estatuto do Torcedor na íntegra clicando aqui.
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