Suspeito alegou que confundiu trans com garota de programa que lhe devia dinheiro, diz delegado

Publicado em 31/01/2022, às 12h47
Jasmini foi brutalmente assassinada com golpes de faca | Arquivo pessoal -

Paulo Victor Malta

Em entrevista coletiva no início da tarde desta segunda-feira, 31, a Polícia Civil de Alagoas deu detalhes sobre a investigação da morte da transexual Jasmini da Silva, de 20 anos, no último dia 09, no bairro de Tabuleiro do Martins, em Maceió. O suspeito do crime é Mário José Barbosa de Melo, considerado foragido da Justiça, e teria assassinado a vítima por engano, alegando que a confundiu com uma outra garota com quem se desentendeu pelo valor do programa. A polícia, no entanto, desconfia da versão. 

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"O suspeito alegou que teria confundido a vítima com outra garota de programa trans, que ele teria saído dias antes, e essa garota de programa teria levado uma quantia em dinheiro dele, porque haveria ali uma discussão em relação ao programa. O fato é que estamos ouvindo outras pessoas, ouvimos praticamente todas as garotas de programa que atuam ali naquela região e essa versão do suspeito não está se sustentando. No dia do crime, o Mário José tentou sair com outra garota de programa momentos antes de assassinar a Jasmini. Ele teria saído de casa com essa faca e a gente não sabe se de fato ele tinha intenção de sair com a Jasmini, com quem ele já tinha feito programa antes, ou se assassinaria naquela noite qualquer transexual ou qualquer garota de programa que ele saísse", afirmou ao Fique Alerta, da TV Pajuçara, o delegado Fábio Costa, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

De acordo com o delegado, o homem foi identificado durante o trabalho de investigação e confessou o assassinato em depoimento. Ele também deu detalhes do crime com requintes de crueldade. 

"O interrogamos na segunda-feira passada e ele confessou com riqueza de detalhes a prática do homicídio. Inclusive, o celular da vítima foi encontrado com o cunhado do suspeito. O cunhado também foi ouvido e afirmou categoricamente que o Mario José teria sido o assassino da Jasmini porque o próprio assassino falou isso ao seu cunhado". 


Foto: Divulgação / Polícia Civil

Jasmini da Silva foi assassinada a golpes de faca e teve o corpo abandonado em um terreno baldio na parte alta da capital alagoana. "A vítima Jasmini saiu de casa por volta das 20h no dia 8 de janeiro, para fazer programas sexuais às margens da Avenida Menino Marcelo e infelizmente não mais retornou. A família em desespero procurou saber o que poderia ter acontecido com a vítima e, no outro dia por volta das 11h, o corpo dela foi encontrado com diversos golpes de faca. Golpes profundos no pescoço, na nuca, no tórax, nas costas, nos braços. O que demonstra que a vítima ainda tentou se defender do assassino"

"Nós tivemos muita dificuldade inicialmente para avançar nas investigações, porque o local em que a vítima foi localizada era um matagal, sem iluminação, sem câmeras, sem testemunhas. Partimos praticamente do zero, mas avançamos rapidamente. Chegamos até o suspeito após investigação, não podemos infelizmente divulgar o modo e as técnicas justamente para não frustrar outras investigações de casos semelhantes", disse Fábio Costa. 

Identificado como Mário José Barbosa de Melo, o foragido havia prestado depoimento na delegacia, mas foi liberado por não haver o flagrante. Quando a polícia conseguiu o mandado de prisão, ele já não se encontrava mais no endereço informado. Quem tiver informações sobre o paradeiro de Mário José pode entrar em contato com a DHPP ou através do número 181, do Disque Denúncia. O anonimato é garantido ao denunciante. O delegado afirmou que a suspeita é que o homem tenha se escondido no Sertão de Alagoas. 

O caso - O corpo de Jasmini da Silva, de 20 anos, foi encontrado por volta das 11 horas do dia 09 de janeiro, num domingo, em um terreno baldio no bairro Tabuleiro do Martins. Ela foi vítima de vários golpes de arma branca.

De acordo com a polícia, é provável que Jasmini da Silva, que sobrevivia fazendo programas sexuais na parte alta de Maceió, tenha sido assassinada ainda na noite do dia anterior. A suspeita foi de que ela foi morta por ser transexual.

Jasmini da Silva não tinha feito a retificação no nome para os documentos, tendo ainda em registro o nome Carlos Henrique da Silva Tenório.

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