TNH1 com TV Pajuçara
Narlisson Oliveira tem 21 anos e é um dos sobreviventes do trágico acidente com ônibus na Serra da Barriga, em União dos Palmares. Depois de passar cerca de 48 horas internado no Hospital Geral do Estado (HGE), ele recebeu alta médica no fim da manhã desta terça-feira (26) e vai seguir com a recuperação em casa. No momento em que deixava o HGE, o jovem conversou ao vivo com a equipe de reportagem do programa Fique Alerta, da TV Pajuçara, e deu detalhes sobre o drama que viveu.
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"A sensação é que sou uma pessoa muito abençoada. De verdade. Não foi fácil. Ainda não está sendo fácil. Não estou conseguindo assimilar tudo o que aconteceu. Espero conseguir assimilar uma hora e colocar minhas ideias no lugar. A recuperação também não vai ser fácil. Eu sei disso. Mas por estar aqui, contando a minha história e a história de outras pessoas próximas a mim que infelizmente não sobreviveram já é uma vitória, um grande passo", disse.
Narlisson afirmou que sofreu duas fraturas, sendo uma no tornozelo e outra na coluna, mas não precisou passar por cirurgia. Ele deu entrada no Hospital Regional da Mata (HRM) no dia do acidente, e no mesmo dia, foi transferido para a unidade de saúde de Maceió. Ele agora vai repousar em casa e seguir tomando as medicações recomendadas.
"Já tive contato com a minha família. Eu vim com minha mãe aqui, ela me acompanhou até agora. Inclusive nunca vou conseguir pagar, nem nessa vida, nem na próxima, nem na de antes, o que minha mãe está fazendo por mim", agradeceu.
"Filme de terror"
O passageiro do ônibus escolar também contou que se recorda do momento da descida do ônibus, como também quando ele começou a capotar. Ele disse que foi um dos primeiros a ser arremessado para fora do veículo. "Eu lembro do momento que senti o ônibus a começar a descer a ribanceira até da cena dele capotando... Sendo muito sincero, um filme de terror. Não tem outra definição", iniciou.
"Como fui sortudo, abençoado por Deus, por ter sido jogado do ônibus o mais próximo possível da região da ladeira. Eu fui um dos primeiros a ser jogados. E isso fez com que o ônibus não capotasse duas ou três vezes comigo dentro. Eu consegui enxergar ele capotando comigo, mas graças a Deus, uma das janelas se rompeu. Inclusive o ônibus era totalmente fechado. Não tinha ventilação. Era mínima. E aí a janela deve ter se rompido com o impacto do ônibus", continuou.
O jovem afirmou que conseguiu segurar em uma árvore e ficar sentado até ser socorrido. Ele ainda explicou que devido à dor perdeu a mobilidade para procurar ajuda na estrada. "Eu caí numa região que foi muito cômoda para mim. Totalmente plana, cheia de mato e folha, onde tinha uma árvore bem grande. Consegui segurar a árvore, fiquei sentado, e meu pé doía muito, porque meu tornozelo ficou inchado na hora. Minha coluna também. Não estava conseguindo me movimentar direito e só conseguia pedir socorro. Perdi totalmente a noção do tempo durante o resgate. Eu não acreditava que estava vivo. Só acreditei quando estava na ladeira".
O sobrevivente também lamentou a morte de amigos no acidente, incluindo a da jovem identificada como Heloíse. "Infelizmente pessoas que estavam comigo não sobreviveram. Não vão contar a história delas. Eu estava lá dentro, e as pessoas perguntavam, perguntavam, e eu fazia questão de contar não só a minha história, mas a de pessoas que estavam próximas a mim. Da minha amiga Heloíse e a história da família dela, que estava com ela nesse trágico acidente. Não tem como isso ser ignorado".
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