Assessoria
Um acordo de cooperação técnica assinado na última terça-feira (29/11), durante a 11ª etapa da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do São Francisco marcou o início dos estudos para o Plano de Ação Estadual de Conservação do Macaco-Prego Galego na Caatinga. O primata, que só pode ser encontrado entre Alagoas e Rio Grande do Norte, está classificado como Criticamente em Perigo (CR) pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
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Assinaram o acordo, no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp) de Delmiro Gouveia, o Instituto S.O.S Caatinga e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) com a mediação o Ministério Público do Estado de Alagoas MP/AL. O acordo prevê, entre outras ações, o monitoramento do Macaco-Prego Galego para a criação de um banco de dados capaz de fornecer informações adequadas ao manejo da espécie na Caatinga alagoana.
Para um dos signatários do acordo, o presidente do S.O.S Caatinga, Marcos Araújo, o plano é uma oportunidade única para Alagoas no tocante à pesquisa e conservação de espécies ameaçadas. "Com este plano, Alagoas tem a chance de se tornar pioneira no Brasil ao voltar às atenções para esta espécie, tornando-se referência nacional e internacional", afirmou Araújo.
Redescoberta - Considerado extinto por cerca de 200 anos, Macaco-prego Galego foi redescoberto há menos de duas décadas. Pesquisadores acreditavam ser endêmico da Mata Atlântica, mas sua ocorrência na Caatinga foi verificada há poucos anos. Por isso, ainda há pouquíssimos estudos sobre o primata neste que é único bioma exclusivamente brasileiro, como salienta a professora Bruna Bezerra, coordenadora de um grupo de pesquisa sobre a espécie na UFPE.
Segundo a pesquisadora, que assinou o acordo representando a UFPE, o Macaco-Prego Galego teria sido uma das primeiras espécies de primatas a ser explorada no Brasil, havendo registros artísticos do pequeno animal em pinturas de quase 500 anos atrás. Além disso, sua redescoberta pode apontar saídas para a preservação do bioma Caatinga com um todo, este também ameaçado. "É uma espécie considerada guarda-chuvas, pois sua existência garante a sobrevivência de muitas outras espécies. Além de ser um animal muito inteligente e compor uma sociedade bastante complexa, inclusive no sentido comunicativo e afetivo", explicou Bezerra em sua apresentação sobre o Macaco-Prego Galego, pouco antes da assinatura do acordo de cooperação.
Durante o evento, várias instituições foram convidadas para integrar o grupo gestor do plano de ação: além do MP/AL, Instituto S.O.S Caatinga e UFPE, deverão integrar o grupo o Ministério Público Federal (MPF), Instituto do Meio Ambiente (IMA), Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), Prefeituras municipais e a mineradora Vale Verde. A participação das instituições deverá ser oficializada em dez dias.
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