Redação
Smartphones vão aquecer a partir do momento em que você os liga; isso é inevitável. Mas o superaquecimento pode ser um problema sério no seu celular, danificando equipamentos e afetando o desempenho. O que faz com que um smartphone esquente, o que provoca o superaquecimento, e como isso pode ser evitado?
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Por que os smartphones esquentam?
A resposta está em uma propriedade básica da física: movimento gera calor. A quantidade de calor que o smartphone produz é proporcional à quantidade de energia elétrica movendo-se através dele. Se você estiver jogando um jogo que exige muito das unidades de processamento do seu dispositivo, integradas em um esquema system-on-a-chip central (SoC, ou sistema-em-um-chip), tais unidades vão esquentar, uma vez que requerem mais energia para realizar as suas tarefas.
O fato de seu celular esquentar não é razão para se preocupar, eles são projetados para trabalhar dessa maneira. Mas se o aquecimento é excessivo, sim, você tem um motivo para preocupação.
Por que os smartphones superaquecem?
De um modo geral, componentes alinhados no esquema system-on-a-chip são extremamente bem otimizados, de modo que o superaquecimento raramente é um problema. Eles são especificamente concebidos para lidar com altas temperaturas. Quando o dispositivo se aproxima de uma temperatura potencialmente prejudicial, a velocidade do processador será reduzida, tornando o desempenho do dispositivo mais lentos, sendo este um dos sinais de superaquecimento; em circunstâncias mais graves, um aviso será exibido no aparelho, impedindo que você use o dispositivo até que ele esfrie.
Se o aparelho está tendo superaquecimento frequente, há uma série de razões que podem ser investigadas e resolvidas, principalmente em relação a uma sobrecarga do hardware. "Forçar" o seu GPU por muito tempo é uma das maneiras mais rápidas de superaquecer o seu telefone (qualquer um que já testou um Gear VR sabe muito bem).
O mesmo pode acontecer com os aplicativos que exigem demais, mas o peso recairá sobre a CPU. Atividades multitarefa, recursos extras e funções (como widgets), bem como outros motivos diversos fazem o seu celular ter que verificar sua conectividade - seja Wi-Fi, Bluetooth, etc.- e tudo isso exige capacidade de processamento e mais eletricidade, que causam o aquecimento dos circuitos e da bateria .
Outros fatores que podem causar superaquecimento são externos: deixar seu smartphone sob luz solar direta, por exemplo, ou jogá-la no forno. Se você não abusa do seu celular e ainda assim o superaquecimento ocorre com frequência, pode ser o caso de mau funcionamento de hardware, e valeria a pena tentar descolar uma troca por outro dispositivo.
Não há melhor exemplo de hardware mal otimizado, levando a problemas de superaquecimento, do que o infame Snapdragon 810. Este foi o processador principal de 2015, e foi apresentado em praticamente todos os carros-chefe. Desde o início, rumores de problemas de superaquecimento circulavam, e, enquanto o desempenho variou de dispositivo para dispositivo, o chip certamente foi estrangulando suas velocidades de processamento muito frequentemente para evitar o problema, levando a um desempenho mais lento.
O superaquecimento parecia, em especial, atormentar dispositivos da Sony, levando a empresa a liberar vários patches de software para o Xperia Z3+ e até mesmo adicionando tubos de arrefecimento ao Xperia Z5, algo que a Samsung também fez com as seus recentes topos de linha, Galaxy S7 e S7 Edge.
Agora, mesmo havendo verificações de segurança nos aparelhos, e considerando que a maioria dos telefones não sofrem de superaquecimento frequente, quando o problema acontece regularmente ou apenas um episódio extremo, tenha em mente que o calor pode danificar o dispositivo.
Que danos podem ocorrer quando um aparelho superaquece?
Bateria
Dentro dos smartphones modernos, você vai encontrar uma bateria de lítio-ion, mais um dos truques espertos que a tecnologia nos oferece. Uma bateria não recarregável permite apenas uma reação química, concebida para gerar eletricidade, para acontecer em uma direção: os elétrons deixam a bateria para viajar através de um circuito (o seu celular). As baterias recarregáveis, por sua vez, permitem que esta reação ocorra nos dois sentidos, sendo que a bateria fornece e recebe carga, fazendo isto centenas de vezes.
Baterias de lítio-íon são as melhores baterias recarregáveis disponíveis no momento, mas ainda têm desvantagens. Há dois problemas principais. Um deles é que essas baterias se depreciam, mesmo quando não são usadas. Isso acontece de forma relativamente lenta, mas você tem sorte se conseguir dois ou três anos de uso da bateria em questão.
Em segundo lugar, são muito sensíveis ao calor. Qualquer coisa acima de cerca de 30 graus centígrados vai impactar negativamente uma bateria de lítio-íon, e esta temperatura acaba sendo atingida provavelmente toda vez que você carrega a bateria.
O principal impacto que o calor tem sobre a bateria é que acelera a sua degradação e reduz, portanto, mais rapidamente a sua capacidade, reduzindo assim sua vida útil.
Um dos sintomas de superaquecimento mais dramáticos é a explosão de uma bateria de lítio-íon. Todos nós já lemos as histórias de terror na mídia a respeito, mas vale lembrar que as chances disso acontecer são mínimas. Para que isto aconteça, é necessário que haja uma "fuga térmica", um circuito de realimentação vicioso, onde o aumento da temperatura causa o aumento da velocidade de reação, que por sua vez aumenta ainda mais a temperatura, e assim por diante.
Para que isso ocorra, é preciso ou um dano interno, que normalmente é controlado por um disjuntor, ou condições externas extremas (como jogar seu celular no fogo, por exemplo). Para uma bateria explodir, você vai precisar esquentá-la acima de 200 graus Celsius. Quais as chances disso ocorrer?
System-on-a-chip
Quando se trata do circuito sob o esquema SoC, a velocidade do processador será limitada para evitar o superaquecimento, o que torna seu dispositivo lento, às vezes tornando-o inutilizável. Se houver muito calor por muito tempo, pode haver dano físico ao chip. Novamente, como no caso da bateria, esta última possibilidade é bastante improvável, uma vez que existem medidas de segurança para evitar esse cenário. Mas, mesmo assim, o aquecimento excessivo pode ser preocupante - sem falar na chatice em ter que esperar o seu dispositivo "esfriar". Alguns celulares são mais propensos a superaquecimento (Sony Xperia Z3 +, eu estou falando de você), mas, de todo modo, é algo incomum.
Como evitar o superaquecimento
Bateria
A pior coisa que você pode fazer a uma bateria é a exposição ao calor quando totalmente carregada. Assim sendo, pode não ser uma boa ideia o carregamento a 100%, já que sua bateria vai ser verificada periodicamente e novamente carregada até 100 por cento, causando eventual estresse ao equipamento. A profundidade de descarga também afeta a vida da bateria, o que significa que é melhor não deixar a carga chegar a zero. Se você carregar de, digamos, 30 por cento até cerca de 80 por cento, você está tratando sua bateria bem, e possivelmente evitando o superaquecimento. Embora possa soar como algo inconveniente (e é), isto poderia mais do que dobrar a quantidade de ciclos de carga de uma bateria.
Nossa fotógrafa oficial, a Ira, tem conhecimento extenso dos perigos de se usar um smartphone que está totalmente carregado, mas ainda ligado a uma tomada. Ela teve que substituir cinco ou seis baterias em seu Galaxy S3 (praticamente uma vez por ano) e um dos aparelhos inchou como um balão, como você pode ver nas imagens abaixo - uma demonstração dos perigos que podem afligir uma bateria.
System-on-a-chip
Para reduzir ou evitar o superaquecimento do circuito, evite exagerar quando estiver jogando um daqueles jogos ultra-exigentes ou assistindo vídeos por muito tempo, não abuse das atividades multitarefa em apps que requerem uma grande quantidade de processamento, tente evitar o uso de Bluetooth por períodos prolongados, e só use o Wi-Fi em conexões estáveis. Essencialmente, evite um grande número de processos que exigem demais do seu celular sempre que possível.
Usando um app: Coolify
O aplicativo Coolify serve para prevenir o superaquecimento do dispositivo, monitorando constantemente a temperatura global do aparelho e interferindo nos valores de sistema. É particularmente indicado durante a recarga ou quando usamos um aplicativo muito pesado. Muitos dispositivos ficam muito quentes durante um uso intenso da internet, e o Coolify faz o seu trabalho também nesses casos. Além de prevenir o superaquecimento, como “efeito colateral” ele prolonga a duração da bateria.
Como funciona
O Coolify não é um task killer, pois não tem influência sobre apps ou processos. Ele não “mata” aplicativos que rodam em segundo plano e não libera a memória. Então o que ele faz? Como diz o seu desenvolvedor, apenas 80 correções (“only 80 tweaks”) otimizam os valores de sistema, ligados por exemplo à bateria ou à máquina virtual do Android. Essa interação com os parâmetros de sistema requer obviamente permissões de root.
Se você utiliza uma ROM customizada, o serviço também pode funcionar (tudo dependerá de como ela foi desenvolvida). O Coolify é compatível com 80% das ROMs customizadas. Destaca-se o seu incrível trabalho “silencioso”, com consumo de RAM próximo ao zero. O usuário poderia se esquecer de que o serviço roda em segundo plano, se não fosse pelos seus benefícios.
A utilização é muito fácil, graças à interface simplificada. Basta clicar em “Turn On Normal Temp Protection” para iniciar o serviço: aparecerá o pedido de permissões de root e, depois de aceito, o processo tem início com o surgimento da tela principal. Nela, você encontrará a temperatura atual e também um gráfico em tempo real.
No menu, temos como acessar diversas seções do app. Entre elas:
Cooling: um registro com data e hora dos momentos em que o app “resfriou” o dispositivo;
Settings: encontraremos as opções para iniciar o serviço, visualizar a temperatura em Celsius ou Fahrenheit, ativar as notificações e registrar os Logs no dispositivo;
Background: para modificar a cor de fundo ou inserir uma imagem da galeria (último quadrado);
Upgrade: poderemos verificar as atualizações com um toque.
Conclusão
Se você não "forçar a barra" com seu smartphone e evitar deixá-lo sob luz solar direta em pleno verão, não deverá ter maiores problemas. A maioria dos smartphones modernos são projetados para lidar com tudo, exceto atividades mais intensas e extenuantes, de modo que as chances de um colapso catastrófico no dispositivo são minúsculas. Se as temperaturas estão subindo demais por nenhuma razão imediatamente identificável, vale a pena tentar obter um aparelho substituto - nesse caso, o dispositivo provavelmente está defeituoso.
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