Consumidor Moderno
Para a “Vogue” Espanha, a nova série da Netflix – “Guia Headpsace Para Meditação” é simplesmente “tudo que precisamos para 2021. Já no periódico inglês “The Guardian”, a atração ganhou destaque ao ser um exemplo da tese de que os streamings são, passado 2020, muito mais do que um lugar onde se consome entretenimento.
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A série é resultado de uma parceria da gigante Headspace – empresa de saúde online surgida em 2010 e especializada em meditação – e o maior app de streaming do momento. O conteúdo realmente chama atenção para os pontos citados acima: é a ocasião perfeita para um produto como esse chegar às nossas casa. E o interesse por ele mostra que o comportamento do consumidor ainda não terminou de mudar influenciado pela quase pós-pandemia.
Em outras palavras, vale dizer que, se nos idos de 2019 uma produção dessas poderia ser considerada “de nicho” e até mais “chatinha” em detrimento aos muitos filmes e séries de ação disponíveis nos catálogos de streamings da vida, após os tempos de Covid-19 e a demanda por mais informações sobre saúde mental, a realidade é bem diferente. Por isso mesmo, listamos aqui 10 insights sobre esse programa de oito episódios e cerca de 20 minutos de duração cada. É uma boa maneira de entrar em contato com o universo da meditação – que pede nossa desconexão total com os gadgets – por mais controverso que seja ver isso em um smartphone ou tablet. Acompanhe.
1. Melhore sua atenção
Uma visualização, uma palavra ou uma frase podem funcionar como ponto de partida para ajudar a encontrar foco. A meditação usa a respiração para levar a esse caminho. “Ter um lugar onde focar nossa atenção serve de âncora. É para onde voltamos quando percebemos que a mente divagou”, diz a série. Outro ganho de ter essa “âncora”, como o programa explica, é ajudar a nos livrarmos de pensamentos obsessivos. Com ela, fica mais fácil deixá-los de lado e “voltar ao lugar de paz e atenção focada”.
2. Pensamentos vêm e vão
Treinar a mente com a meditação é uma maneira de mudar nossa relação com pensamentos e emoções que são passageiras: “Aprendemos a vê-los de uma perspectiva maior e quando fazemos isso naturalmente encontramos paz”, sugere um dos episódios da série. Treine para manter a mente calma.
3. Boa saúde mental é treino
De acordo com a série do Headspace, exames de ressonância magnética em monges já mapearam a atividade cerebral antes, durante e depois de períodos de meditação. E o que se constatou é que essa atividade funciona, mais ou menos, como uma “academia de ginástica para o cérebro”.
Em tempos nos quais a aparência física tem tanto valor e as pessoas se preocupam enormemente com a foto diante do espelho, surpreende que o órgão mais sofisticado do nosso organismo fique em segundo plano – atrás de bíceps e abdômen. Com a meditação, as partes do cérebro responsáveis pelas áreas da felicidade, do bem-estar e da alegria acabam sendo mais irrigadas e isso explica a sensação de satisfação que a prática traz.
4. Meditar reduz o estresse e a depressão
Exercitar o cérebro com a meditação é comprovadamente uma maneira de diminuir doenças ligadas à saúde mental, como a depressão, bem como de equilibrar o humor. Também funciona contra a dor e, como informa a produção, ajuda a sentir mais satisfação, felicidade, aceitação e compaixão. De fato, esses são todos assuntos em alta com a maior atração das pessoas aos assuntos ligados à saúde mental. A busca por melhor qualidade de vida, que tomou grande proporção com as mudanças geradas pela pandemia de Covid-19, têm no cuidado com a mente o último bastião a ser conquistado.
5. Comece a praticar, mesmo sem conseguir direito
Existe esse mito de que para meditar – ou em outras palavras, treinar a mente – é preciso estar sentado no topo da montanha ou ter um jardim, uma grande inspiração, uma “vibe” diferente, quando, na verdade, é só uma questão de começar. A série reforça isso em seus episódios, deixando claro que é normal não avançar tão rápido quanto gostaríamos, afinal, é uma questão de repetição e treinamento.
“Em alguns dias, a meditação será fácil. Em outros, pode parecer algo mais difícil. O segredo é prosseguir a cada vez, não importa como essa vez seja”, ensina o programa. Você pode fazer um primeiro teste sentado ou deitado e nem precisa ficar com as pernas cruzadas, como o ato de meditar se acostumou a ser mostrado por aí.
6. Meditar ajuda no desapego
Sentimentos como perda, frustração, dor ou saudade; e até mesmo coisas materiais ou hábitos podem ser gatilhos que geram apego ao passado e nos deixam “pesados”, como define a série do Headspace. Isso significa, em outras palavras, que acabamos vivendo presos a essas emoções de um tempo que já se foi e esquecemos de estar no presente.
Logo nos primeiros capítulos do programa, o guia que comanda muitas das meditações apresentadas explica que o método da visualização é bom para essa nossa tendência de nunca estar no momento de agora. “Para muitos de nós, a mente está frequentemente muito agitada. Por isso, temos a tendência a nos sentirmos cansados, quase sempre sobrecarregados”, diz a série.
7. Aceitar momento de descanso e relaxamento
O fio condutor dos episódios deixa claro que, na vida moderna, desaprendemos a esvaziar o cérebro e aceitar momentos de puro descanso. Nos sentimos culpados com o ócio, não toleramos mais o tédio. Prova disso é que mesmo nos momentos de meditar, quando estamos desconectando nossas mentes e diminuindo o ritmo, é normal “pensar demais”.
“Pensamos se estamos vendo uma luz. Se ela é grande, pequena, redonda, quadrada. Pensamos que temos que fazer isso direito”. Este é o chamado “overthinking”, explica o programa.
8. Um boost na memória
Se você ainda não está convencido dos benefícios que a prática da meditação têm para treinar a mente, a série joga alguns dados científicos na tela. Como o estudo da Dra. Sara Lazar feito na Universidade de Harvard que comprova mudanças físicas reais no cérebro após somente oito semanas de prática de meditação. E essas alterações estão associadas à melhora da memória e do aprendizado.
“São benefícios que ficam para sempre em nossas vidas”, defende a produção. “Algo muda dentro do nosso cérebro quando meditamos. As partes associadas à memória e ao aprendizado aumentaram, enquanto aquelas associadas ao estresse, por exemplo, diminuíram de tamanho”, explica o narrador. Tal como estimulamos os músculos do corpo e eles trazem benefícios para nossa condição física, com a mente funciona do mesmo jeito – com efeitos que também são psicológicos.
9. Valorize o que tem e agradeça (para além do clichê)
Passamos boa parte do tempo de nossas vidas desejando estar em outro lugar, fazendo outras coisas e até mesmo vivendo com outras pessoas, “que perdemos o que está acontecendo conosco nesse exato momento”, diz o programa. Pessoas mais ansiosas experimentam essa sensação todos os dias e, por isso, a prática de meditação sugere o agradecimento como forma de parar e reconhecer o lugar onde estamos.
“Estamos sempre perseguindo o futuro; sempre olhando para o passado, sem perceber que a mente que pode ser problemática às vezes também tem o potencial de ser feliz e saudável”, ensina a série. Em um mundo que nos incentiva a consumir o tempo todo e trocar tudo que temos por algo novo, por experiências incessantes, valorizar o que temos é uma forma de nos conectarmos conosco. Comece se perguntando, de verdade, pelo que ou por quem você agradeceria. É uma boa forma de começar a ver as coisas boas que acontecem.
10. Desacelerar é preciso
Não tem jeito de melhorar a nossa saúde mental se estivermos o tempo todo ocupados, conectados ou recebendo estímulos que só aceleram o ritmo. Na série é mostrado várias vezes como pausas de 20, 30 segundos já podem gerar um benefício porque nos ajudam a conectar com o que está acontecendo no presente.
O ato da meditação pode trazer à tona sentimentos, pensamentos e até sensações físicas que estavam submersas por conta do piloto automático do dia a dia. “Não há respostas certas ou erradas quando começamos a meditar. Começamos a nos sentir mais curiosos, interessados. E compreendemos que é muito mais sobre a jornada do que sobre o destino”, garante o programa. Outro nome para isso é refletir sobre a vida. Quando foi a última vez que você praticou esse exercício?
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