Semds e Ufal alinham cooperação para a prevenção de riscos

Publicado em 19/03/2017, às 16h50

Redação

A busca por parcerias entre órgãos públicos é uma das formas de trabalho da Prefeitura de Maceió para dar celeridade aos projetos em benefício da população. Uma das instituições que têm colaborado com a gestão municipal é a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que, entre as parcerias firmadas, está realizando ações em conjunto com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Semds). Como resultado dessa união, professoras da Ufal se reuniram com técnicos da Semds e apresentaram, nesta quinta-feira (16), um projeto de Defesa Civil cujo estudo teve como foco a Grota da Borracheira, no bairro Mutange.

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Secretário Gustavo Acioli Torres recebeu o relatório das mãos das professoras da Ufal, que foram ao gabinete acompanhadas do secretário-adjunto de Defesa Civil, Dinário Lemos. Foto: Lucas Alcântara/ Ascom Semds

O titular da Semds, Gustavo Acioli Torres, explica que a parceria com a Ufal foi firmada ainda em 2014, quando o Município assinou um termo de cooperação técnico-científica com a instituição de ensino para ações em conjunto com a Secretaria Adjunta Especial de Defesa Civil, que integra a estrutura operacional da pasta da qual é gestor. “Recebemos um relatório importante sobre áreas de risco e um projeto para a prevenção de quedas de encostas, ambos com informações valiosas e que nos auxiliarão na execução das ações da Defesa Civil. Estamos atentos a estas áreas e vamos agir com o apoio de estudos como este, da Ufal”, disse.

O relatório apresentado à Semds traz dados do cadastro realizado pela equipe da Universidade entre o início de 2014 e junho de 2016. Neste período, os pesquisadores observaram a caracterização física e geotécnica do solo na Grota da Borracheira, com monitoramento específico em duas encostas denominadas de talude 1 e talude 2. Com o levantamento, as professoras e os estudantes que integram os projetos idealizados por meio do acordo de cooperação técnico-científica propuseram ações preventivas de contenção para evitar deslizamentos nas encostas que foram objeto de estudo.

“A equipe da Ufal fez um levantamento minucioso naquela região, contabilizando o quantitativo de famílias e as áreas em que vivem, observando também o grau de risco em relação a acidentes provenientes de causa natural, como deslizamento durante ou após um período de chuva. Estas informações estão subsidiando a atualização do Plano Municipal de Redução de Risco, que precisa ser alimentado com frequência. Trouxemos o relatório e o projeto apresentado pela Ufal para que os técnicos da Semds possam avaliar e ver de que forma colocaremos em prática”, afirmou Dinário Lemos, secretário-adjunto especial de Defesa Civil.

Bioengenharia

A partir do levantamento realizado na região, os pesquisadores criaram um projeto para a Grota da Borracheira com base na bioengenharia, que é uma tecnologia social que permite a utilização de uma planta com características adequadas de um solo que precisa ser conservado, que é o caso especificamente do Mutange. Todo o trabalho foi coordenado pela geóloga cubana Regla Toujaguez la Rosa Massahud, professora da Ufal, com doutorado e pós-doutorado em Ciência do Solo pela Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais.

“Para a região do Mutange, propusemos a utilização da planta vetiver, que é uma gramínea de rápido crescimento e com raízes que conseguem ultrapassar os três metros. Ela é altamente indicada pelo Banco Mundial para a conservação do solo e da água e foi lançada pela instituição nos anos 1980, na Índia, com este intuito. Com o projeto, a ideia é utilizar a gramínea nos taludes da Grota da Borracheira associada às obras de contenção com concreto. Assim, poderemos conter o processo erosivo nos encostas onde a declividade é altamente elevada, chegando até 100%, locais em que máquinas não conseguem chegar”, explicou Regla Toujaguez.

De acordo com a professora, o projeto também envolve a comunidade local. “A nossa intenção é que a população participe da recuperação da área onde eles residem, já que há uma afinidade, existe um apego. O que é recomendado é remover o risco e deixar o morador, sempre que possível. Quando não, é preciso sim remover. Mas a nossa intenção é essa: recuperar a área para que eles continuem lá. Temos trabalhado com a associação de moradores e tivemos uma boa receptividade em relação à intervenção. Esta interação faz parte do projeto sobre educação ambiental”, completou a pesquisadora.

O levantamento que embasou o projeto de bioengenharia foi coordenado pela professora mestra Juciela Cristina dos Santos, que trabalha em conjunto com Regla. Segundo ela, o objetivo inicial era a identificação de áreas potenciais para a implantação do teste da tecnologia social, no entanto, o levantamento foi além.

“Fizemos um trabalho coletivo de identificação do número de moradias, com um levantamento casa a casa – quantas habitações existem, quantos moradores há em cada residência e o total de moradores na região. Com isso, pudemos atualizar as informações do Plano Municipal de Redução de Risco, que nos fornece um mapeamento completo da área. A partir daí, identificamos também os taludes que devem receber a bioengenharia e também estamos trabalhando em outras vertentes, como a elaboração de projeto para a melhoria de escadarias e produção de escadarias verdes, beneficiando a qualidade de vida da população”, disse Juciela.

Após a apresentação, que foi feita para engenheiros, agrônomos e arquitetos da Semds, as professoras conheceram o viveiro de mudas do Parque Municipal de Maceió, onde a reunião foi realizada. Com o projeto, a ideia é que a reprodução das mudas de Vetiver seja feita na reserva. Hoje, a reprodução ocorre no Centro de Ciências Agrárias da Ufal, de onde Regla e Juciela são professoras e contam com a participação de alunos do curso de Engenharia de Agrimensura para a execução do projeto.

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