Agência Brasil
A segunda noite do Prêmio Paralímpicos, realizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e que homenageia os destaques do paradesporto brasileiro, coroou a temporada de Yelstin Jacques e Maria Carolina Santiago. Nesta quarta-feira (9), o velocista e a nadadora, campeões nos Jogos de Tóquio (Japão), foram eleitos os melhores atletas paralímpicos do país em 2021. Na terça-feira (8), eles haviam vencido as disputas nas respectivas modalidades (atletismo e natação).
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“É uma honra receber esse prêmio, que eu queria dedicar a cada atleta, a cada atleta-guia que nos acompanha, a cada tapper [profissional que auxilia os nadadores cegos nas provas]. Dedicar também à minha família, esposa, que me ajuda, faz papel de guia e me acompanha nos treinos”, celebrou Yelstin, que foi duas vezes ao topo do pódio da classe T11 (cegos) em Tóquio, nos cinco mil e nos 1,5 mil metros (m), prova na qual quebrou o recorde mundial e obteve o centésimo ouro paralímpico do Brasil.
YELTSIN JACQUES É O NOME DELE! Depois de dois ouros nos Jogos de Tóquio, dentre elas a 100ª dourada do Brasil em Jogos Paralímpicos, o velocista foi escolhido o Melhor atleta do ano!#PrêmioParalímpicos por @loteriascaixa pic.twitter.com/czmVKsc5hc — Comitê Paralímpico Brasileiro (@cpboficial) February 10, 2022
“Que noite incrível! Estou muito feliz. Queria agradecer a Deus pela minha história e dedicar esse troféu aos meus pais, que sempre me incentivaram desde criança, acompanharam desde criança. Eles são os grandes responsáveis por quem sou hoje. Agradecer à minha comissão técnica, ao meu clube, Grêmio Náutico União [de Porto Alegre]. É um trabalho conjunto, diário, de entrega. Eu tive os melhores profissionais ao lado”, disse a nadadora Maria Carolina Santiago, campeã paralímpica nos 50 e cem metros livre e nos 50 m peito na classe S12 (baixa visão).
Carol ainda concorreu ao prêmio Atleta da Galera, em votação on-line que terminou durante a cerimônia desta quarta, mas Thalita Simplício levou a melhor. A velocista da classe T11 obteve 39% da preferência do público, também superando a concorrência do nadador Gabriel Araújo, da lançadora Beth Gomes e do arremessador Thiago Paulino.
“Estou muito surpresa! Concorri com pessoas que estão há tempo no esporte paralímpico. Será um sonho ou verdade? [risos]. Esse troféu é nosso!”, comemorou Thalita, prata nos cem e nos 200 m na capital japonesa.
Gabrielzinho e Beth também saíram premiados. O nadador, que conquistou dois ouros na classe S2 (deficiência físico-motora) em Tóquio, foi eleito a revelação do paradesporto brasileiro. A lançadora, campeã da classe F52 (cadeirantes sem controle de tronco), ganhou o Prêmio Braskem, que homenageia o atleta que se destacou por um comportamento exemplar e inspirador, oferecido por um patrocinador da seleção de atletismo paralímpico.
“Fico muito feliz de tão novo, com 19 anos, conquistar as medalhas e esse prêmio. Agradeço àqueles que torceram por mim, que deram oportunidade. Tenho uma recordação muito especial, que foi o dia no qual o Comitê abriu um camping para atletas de classes baixas [as de maior comprometimento físico-motor] e foi ali que tive a certeza de que queria ser atleta”, disse Gabriel, vencedor em Tóquio nos 200 m livre e nos 50 m costas.
“É um momento incrível da minha vida. Quero agradecer à família, aos amigos e ao CPB, que me deu a oportunidade de continuar no esporte e alcançar os feitos. Quero agradecer também à minha treinadora [Roseane Farias], pois sem ela não estaria aqui. Não sei o que a esclerose múltipla pode trazer, então, a cada dia, agradeço a Deus por falar, ver e respirar”, comentou Beth.
A cerimônia ainda teve homenagens aos ex-nadadores Daniel Dias e André Brasil. O primeiro encerrou a carreira após os Jogos de Tóquio, com 27 medalhas paralímpicas conquistadas, sendo 14 de ouro. O segundo, que foi 14 vezes ao pódio em Paralimpíadas, foi considerado inelegível para o movimento paralímpico após uma polêmica reclassificação funcional (processo que define a categoria na qual o atleta competirá) em 2019.
“Só tenho a agradecer ao movimento paralímpico por ter feito parte dessa história, conquistado medalhas. Que bom ser brasileiro, poder ver o Gabrielzinho dançando aqui e no pódio da natação. A gente pode continuar a fazer história, ficar entre os cinco melhores do mundo [no quadro de medalhas]”, declarou Daniel.
“Vocês me pegaram de surpresa [risos]. Existe vida após o esporte. Acho que só tenho a agradecer. Isso [prêmio] só reflete o quanto é gostoso fazer parte de algo que faz diferença para tanta gente. Que o esporte possa ser, de fato, ferramenta [de transformação], como a gente quer e sempre fez”, disse André.
Os melhores técnicos de 2021 também foram premiados. Entre as modalidades individuais, o ganhador foi Leonardo Tomasello, da natação, que encerrou os Jogos de Tóquio com o melhor desempenho na história: foram 23 medalhas, sendo oito de ouro, conquistadas por cinco atletas diferentes. Nos esportes coletivos, a vitória foi de Alessandro Tosim, que conduziu a seleção masculina de goalball ao inédito título paralímpico no Japão.
Outros quatro prêmios foram entregues nesta quarta. O Aldo Miccolis, destinado a pessoas ou instituições que contribuíram com o paradesporto, foi para Alberto Martins, diretor-técnico do CPB e chefe da delegação do país em Tóquio. A Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) ganhou o Prêmio Caixa, voltado a entidades cujas modalidades brilharam nos Jogos. O coordenador médico do Comitê, Roberto Vital, recebeu o troféu Memória Paralímpica. Já Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, foi eleito a Personalidade Paralímpica.
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