Estado de Minas
Uma pesquisa encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), em parceria com o Instituto Axxus, mostra a evolução do hábito de tomar café, entre 2019 e 2023. Pelos números, 29% dos consumidores ingerem mais de seis xícaras de 50 ml diariamente, enquanto 46% consomem entre três e cinco. Como os filhos se espelham nos pais, é mais do que normal que eles tenham a curiosidade de experimentar a bebida, ainda mais se existe esse consumo em casa. Mas será que o café é indicado para crianças?
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A Academia Americana de Pediatria (AAP) orienta que o café não seja consumido por menores de 12 anos. De acordo com a diretora médica do Prontobaby Hospital da Criança, Aline Magnino, as doses de cafeína ingeridas podem ocasionar efeitos completamente diferentes em mesma dosagem que em adultos.
“Em 2022 ocorreu o National Conference & Exhibition, da AAP, quando o professor Mark R Corkins (professor da Pediatrics, University of Tennessee) e membro do comitê de nutrição da AAP assegurou que as crianças não são pequenos adultos. Por serem menores em tamanho corporal, é preciso uma quantidade menor de cafeína para prejudicar a homeostase corpórea. O excesso dessa substância pode causar aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, além de contribuir para o aparecimento do refluxo ácido, causar ansiedade e distúrbios do sono”, pontua a pediatra.
A cafeína em doses regulares traz uma série de efeitos negativos para a saúde até mesmo de adolescentes. Atualmente, pode-se evidenciar e comprovar cientificamente que a ingestão de bebidas com esse componente traz malefícios ao organismo. “Pode interferir no desenvolvimento neurocognitivo, influenciar o sistema cardiovascular, causar dependência e intoxicação”, comenta Aline.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a AAP, não é recomendada a ingestão de café ou outros produtos que contenham cafeína, como chá preto, chá branco, refrigerante do tipo cola, guaraná, bebidas esportivas isotônicas, entre outros, para crianças menores de 12 anos.
“Em adolescentes entre 12 e 18 anos, a ingestão deve ser limitada a menos de 100 mg por dia. Podemos exemplificar que uma xícara de chá pode ter até 47 mg de cafeína, enquanto um refrigerante cola diet possui cerca de 46 mg”, explica.
Muitos pais recorrem para versões descafeinadas quando surge essa curiosidade por parte dos filhos. Mas será que essa é a melhor opção? O regulamento RDC nº 277 da Anvisa mostra que o café é considerado descafeinado quando o teor de cafeína é igual ou inferior a 0,1%, e 0,3% para produtos solúveis. Aline Magnino diz que é mais seguro que seja ingerido em pequenas doses, mas é preciso atentar ao fato de que não é isento de cafeína e que por isso não deve ser ingerido de forma regular.
"Sabe-se atualmente que a cafeína antagoniza os receptores de adenosina e potencializa a neurotransmissão dopaminérgica, comportando-se como estimulador do sistema nervoso central e periférico, e assim proporcionando a redução do sono e da fadiga. Entretanto, o seu uso em períodos vespertinos e noturnos altera o sono, além de poder alongar a latência e diminuir a eficácia e duração do mesmo”, aponta a médica.
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