Saiba a atual situação das 35 minas da Braskem que foram desativadas em Maceió

Publicado em 04/12/2023, às 15h56
Reprodução/TV Pajuçara -

Theo Chaves

A extração de sal-gema em Maceió foi iniciada em 1976, pela empresa Salgema Indústrias Químicas SA, que veio se tornar Braskem em meados de 2002. Antes de encerrar as atividades de extração de sal-gema, em 2019, a gigante petroquímica chegou a contar com 35 minas, também conhecidas como poços de sal — todas elas localizadas na região do Mutange e Bebedouro. As atividades só foram encerradas após um tremor de terra ter sido registrado em vários bairros de Maceió, o que provocou diversas rachaduras em casas e prédios do bairro do Pinheiro.

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Entre as 35 cavidades de mineração feitas na região do Mutange e Bebedouro, está a mina 18, que fica às margens da Lagoa Mundaú. Nessa última quarta-feira (29), a Defesa Civil de Maceió divulgou um alerta de "risco iminente" de colapso do poço de sal identificado como 18. O alerta foi divulgado à população após os moradores do bairro Pinheiro relatarem cinco tremores de terra, que foram registrados entre o dia 27 e 28.

De acordo com a Braskem, das 38 cavidades, 9 receberam recomendação de preenchimento com areia e tamponamento com pasta de cimento. Destas, 5 tiveram o preenchimento concluído, em outras 3 os trabalhos estavam em andamento e 1 já havia sido pressurizada, indicando não ser mais necessário o preenchimento com areia. 

Ainda segundo a Braskem, outras 21 minas estavam sendo tamponadas e monitoradas, sendo que em 7 delas o trabalho já havia sido concluído. As atividades para preenchimento da mina 18, que fazia parte desse grupo sob monitoramento, estavam em andamento e foram suspensas preventivamente devido à movimentação atípica no solo, desde o último dia 06 de novembro. 

A petroquímica ainda detalhou que em outras 5 cavidades foi confirmado o status de autopreenchimento e não precisaram ser tamponadas. As obras de preenchimento, que têm previsão para serem concluídas até 2025, estavam sendo acompanhadas pela Agência Nacional de Mineração (ANM).

Risco de Colapso na Mina 18 - Com as notícias sobre o risco iminente de colapso da mina 18, mantida pela Braskem, muitas dúvidas surgiram em relação ao trabalho feito para preenchimento dos espaços, e também sobre a possibilidade de reverter uma possível dolina na superfície da cavidade — formação geológica em rochas cársticas que apresenta forma circular com grande extensão.

Em entrevista à TV Pajuçara, no último dia 30, o engenheiro mecatrônico Arthur Cavalcante, que trabalhou por três anos nos bairros atingidos pelos efeitos da mineração, explicou como é feito o processo de preenchimento das minas.

"O melhor cenário seria se acontecesse a dolina, que ela afundasse e que não prejudicasse as demais minas. Mas como sabemos, há uma série de minas na região. E a gente tem uma mina que pode dolinar, e no pior cenário, ela pode estar afetando as outras", salientou Arthur.

Cavalcante destacou que o preenchimento é feito com um tipo especial de areia, porém como existe salmoura dentro das minas, há dificuldade para encher o espaço. "É um processo inédito no mundo. É desenvolvida uma tecnologia de injeção de areia, numa profundidade média de 1 km a 1,5 km. A região que está vazia, teoricamente sem nada, na verdade está com água, que a gente chama de salmoura, quando a água tem contato com a camada de sal. A mina fica lá, e o sistema de preenchimento é retirar a salmoura e injetar areia", explicou Cavalcanti.

O engenheiro salientou que a mina 18 estava entre as prioridades para preenchimento com areia com urgência. "A Braskem fez uma análise junto com os órgãos governamentais para ver quais as minas mais críticas. Então foi dado como prioridade. A mina 18 estava entre as prioritárias, mas tinham mais minas em situação crítica, como a 4, a 7, e outras. Pela demanda de areia, são toneladas sendo injetadas, a Braskem teve dificuldade na aquisição, porque não é qualquer areia. Tem que ter toda uma análise, e isso demora. A mina 18 estava na fila de espera para ser preenchida, só que infelizmente não deu tempo de atuar nela", finalizou o engenheiro. 

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