Gabriel Amorim
A sexta-feira (17) promete ser quente no Centro Sportivo Alagoano (CSA). À tarde, a diretoria, o Conselho Deliberativo e o Conselho Fiscal irão se reunir com a empresa que estaria interessada em transformar o clube em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
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O tema agitou os bastidores e gerou dúvidas entre os torcedores ao longo da semana. Para esclarecê-las, o TNH1 apresenta, abaixo, o que se sabe até o momento sobre a movimentação interna e a reunião, que podem ser os primeiros passos para o Azulão virar um clube-empresa.
Quem participa da reunião?
Os membros da diretoria, do Conselho Deliberativo e do Conselho Fiscal do clube, além da empresa interessada.
A reunião está prevista para começar às 15h (de Brasília) e será realizada na forma de videoconferência.
Segundo a presidente Mírian Monte, trata-se de um encontro de apresentação. É esperado que os membros conheçam mais sobre a empresa e os investidores, além das características de uma SAF.
Qual é a empresa interessada?
Segundo o presidente do Conselho, Clauwerny Lahyr de Melo, a empresa que procurou o Marujo foi a XP Investimentos - a mesma que adquiriu recentemente outro clube brasileiro por R$ 1 bilhão (entenda mais abaixo).
O primeiro contato da XP com a diretoria do CSA aconteceu ainda em dezembro. No entanto, as conversas foram suspensas para que o plano da empresa fosse apresentado também aos membros do Conselho Deliberativo e do Conselho Fiscal em janeiro - nesta sexta (17).
Trata-se de um negócio, até então, embrionário. Até porque o clube ainda é estruturado como uma sociedade civil sem fins lucrativos e ainda edita, neste momento, uma reforma no estatuto para previsão de SAF (entenda abaixo).
Segundo a presidente do clube, Mírian Monte, o interesse da empresa acontece em meio a melhora do clube e o aumento na visibilidade nacional.
— O CSA vem tendo um bom desempenho e uma boa visibilidade nacional e nossa diretoria foi contatada e teremos uma reunião — disse a presidente ao TNH1.
Reforma no estatuto para previsão de SAF
Nos bastidores, o Conselho Deliberativo do CSA já está mobilizado na reforma do estatuto do clube. A informação foi confirmada à reportagem pelo presidente do Conselho.
Segundo Clauwerney, a edição iniciou antes mesmo do contato da XP. Segundo ele, o estatuto atual já está antigo e necessita de uma atualização.
Um dos pontos que serão propostos é, justamente, a previsão de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no documento.
Além disso, o TNH1 conseguiu apurar, com exclusividade, que deverá constar no estatuto que, em caso de uma futura venda, o dono somente será o responsável pela administração da pasta de futebol. O patrimônio do clube continuaria sob responsabilidade da associação.
O presidente do Conselho ainda ressaltou que novos pontos para o estatuto podem ser propostos após a reunião desta sexta-feira (17).
Ainda não há previsão para finalização da edição do novo texto. O documento será posto à votação no Conselho e colocado para análise da Assembleia Geral.
Investidora adquiriu time de São Paulo por R$ 1 bilhão
Para quem acompanha o mundo da bola, a XP Investimentos esteve recentemente à frente da compra da Portuguesa, de São Paulo, junto a outras duas parceiras: a Tauá e a Revee. Ao todo, o grupo adquiriu o time paulista por R$ 1 bilhão.
O negócio inclui a reestruturação das dívidas da Lusa (avaliadas em R$ 450 mi); a remodelação do complexo do Canindé, que inclui o estádio e o clube social; e, claro, investimentos no futebol.
A projeção feita pelo grupo é que a Portuguesa se mantenha na primeira divisão do Paulista, além de conquistar acessos seguidos nas divisões do Campeonato Brasileiro, para retornar à Série A em 2029. A Lusa irá disputar a Série D nesta temporada.
Até o momento, não foi divulgado se a XP irá encabeçar, de fato, o possível negócio envolvendo a compra do CSA e nem se contará com as mesmas parceiras envolvidas no negócio da Portuguesa.
Mas o que é uma SAF?
A Sociedade Anônima do Futebol (SAF) nada mais é que um tipo específico de empresa, criada pelo Congresso através da Lei 14.193/2021. Ela faz com que os clubes migrem de uma associação civil sem fins lucrativos para a empresarial.
Depois que a SAF é constituída, é possível vender parte ou todo o seu capital para um novo proprietário. No Brasil, já há vários exemplos de times que admitiram o novo estilo de administração, incluindo Vasco, Cruzeiro e Botafogo.
O futebol, na associação civil, costuma ser estruturado através da eleição dos representantes para o Conselho e para a diretoria. O presidente é a grande figura da chapa e trabalha ao lado de vice-presidentes.
Já no caso de uma SAF, o proprietário tem o poder definitivo nas mãos e só deixará o negócio quando vender a participação para outra pessoa, empresa ou fundo - salvo em casos extraordinários.
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