Rússia diz ter comprovado ligação da Ucrânia com atentado em Moscou

Publicado em 28/03/2024, às 21h17
Valter Campanato / Agência Brasil -

Folhapress

O Comitê de Investigação da Rússia afirmou nesta quinta-feira (28) ter provas de que a Ucrânia tem ligações com o ataque terrorista em Moscou da semana passada. De acordo com a comissão, os autores do atentado receberam dinheiro de "nacionalistas ucranianos".

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"Como resultado do trabalho com terroristas detidos (...) foram obtidas evidências de sua conexão com nacionalistas ucranianos", diz o comitê em comunicado, sem apresentar as supostas provas. "A investigação tem à sua disposição dados confirmados de que os autores do ataque terrorista receberam quantias significativas de dinheiro e criptomoedas da Ucrânia que foram utilizadas na preparação do crime."

Ainda segundo a nota, um suspeito de estar envolvido no alegado financiamento dos terroristas foi detido. Nas primeiras 24 horas após o ataque, na sexta-feira passada (22), onze pessoas foram presas, e oito delas, incluindo os quatro supostos atiradores, foram colocadas em prisão preventiva. Sete são do Tajiquistão e a outra, do Quirguistão.

Durante o atentado, atiradores abriram fogo no Crocus City Hall, uma casa de shows ao lado de um shopping que fica 20 km a noroeste do Kremlin, o coração da capital russa. Segundo cifras oficiais, o ataque deixou 143 mortos e 182 feridos, mas ainda há desaparecidos.

Os agressores mataram os seguranças do local, entraram e começaram a atirar contra a plateia, que incluía crianças. Depois, explodiram duas bombas, deixando o prédio em chamas. A banda de rock da era soviética Piknik começaria um show no lugar, que tem 6.200 lugares e estava com os ingressos todos vendidos.

O Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria do ataque, mas isso não foi suficiente para dissipar a desconfiança do Kremlin em relação ao país vizinho, em guerra com Moscou desde 2022. A narrativa oficial tem insistido que combatentes islâmicos não seriam capazes de fazer o ataque sozinhos e que Kiev pode ter participado.

Na terça-feira (26), por exemplo, o diretor da agência de segurança FSB (Serviço Federal de Segurança, o sucessor principal da KGB soviética) disse acreditar que a Ucrânia, juntamente com os Estados Unidos e o Reino Unido, estava envolvida no atentado.

Em uma coletiva de imprensa, o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, reagiu à acusação da Rússia e afirmou que os EUA, na verdade, alertaram Moscou sobre um ataque.

"É absolutamente claro que o EI foi o único responsável pelo horrível ataque em Moscou na semana passada", disse Kirby, que descreveu as alegações russas sobre o suposto financiamento de nacionalistas ucranianos como "bobagem e propaganda". "Os EUA tentaram ajudar a prevenir esse atentado terrorista e o Kremlin sabe disso."

Segundo o porta-voz, Washington fez múltiplos avisos às autoridades russas sobre ataques extremistas em shows e grandes aglomerações em Moscou, incluindo um por escrito no dia 7 de março, às 11h15.

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